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Série 40 Lições – Aula 13

Embriologia: Filogênese e Ontogênese Prof. Dr. Ricardo Ghelman

EMBRIOLOGIA: FILOGÊNESE E ONTOGÊNESE

Ricardo Ghelman
08.02.2021

Neste capítulo apresento uma perspectiva da visão do desenvolvimento humano à luz da filogênese: relacionando a formação do corpo humano do ser humano ao longo da evolução com a pergunta de quando podemos perceber o nascimento de um ser de um self, de um eu, ao longo do desenvolvimento filogenético e ontogenético.

Ontogenético significa o desenvolvimento do ser. Depois temos um estudo clássico relacionando a ontogênese e a filogênese , mas não entrarei nas questões históricas.

As grandes perguntas que trabalharmos são:
1) Como a vida se organiza?
2) Como as plantas se organizam?
3) Como os animais se organizam?
4) O que são características humanas?

Utilizaremos uma metodologia fenomenológica baseada em Goethe, que foi além de poeta, um grande pesquisador empirista. Caso queiram se aprofundar na metodologia de Goethe, recomendo o livro “Viagem à Itália” escrito em 1788. Esse livro conta a história de quando ele e seu cocheiro passaram dois anos na Itália, com uma capacidade muito aguda e sensitiva de descrição da geografia. Este livro é um clássico. Essa metodologia de Goethe foi batizada por Husserl como a fenomenologia, ela parte da descrição da realidade que a gente percebe e se aprofunda com a intencionalidade no estudo das relações e do desenvolvimento dos fenômenos em direção à uma percepção de totalidade. Então para entender o ser humano precisamos ter essa visão. Eu obtive acesso à isso na época do mestrado na USP, na área de embriologia e anatomia comparada.

Na prática essa metodologia tem quatro passos, o primeiro é percepção sensorial exata (descrever), depois a percepção das conceções e do desenvolvimento, ou seja, o processo temporal que permite que a gente julgue menos os fatos e perceba mais as interrelações e as metamorfoses, até chegar numa percepção mais de totalidade empática que é mais próxima de uma metodologia qualitativa e que a gente tenta chegar mais ao arquétipo. O quarto passo é a criação, percepção intuitiva, capacidade de criação baseada nos passos anteriores.

Primeiramente, então gostaria de trazer que no século XX é que se tem uma ideia muito diferente do que os tratados antigos falavam sobre tempo do universo. Até o século XVIII, ainda valia a cronologia do velho testamento, que James Usher, pastor, contou que o planeta Terra tinha 6.000 anos de criação somando todas as idades. Uma outra visão foi a de Lemaitre , o pai da teoria do Big-Bang, a partir do que ele chamava da teoria do ovo cósmico de calor, muito semelhante a visão Indiana, hindu, da cosmogênese. Chega então, a partir de uma conta, cujo insight aconteceu numa estação de trem, aos 15 bilhões de anos desde esse início. Quem teve esse insight foi do Doppler.

Doppler foi um médico, cientista. Ele observou que na estação de trem quando os trens se aproximavam, eles passavam de um som grave para um som agudo e depois votavam ara um som grave. A partir desta inferência da mudança de frequência de ondas sonoras, inferido para as cores, olhando para o céu, se percebeu que as estrelas se aproximando da Terra diminuem o comprimento de onda então ficam mais vermelhas. Quando se afastam da Terra são azuis. A partir dessas contas se chegou a ideia atual de que as galáxias estão em contração e os espaços entre as galáxias estão em expansão, gerando uma ideia de um dodecaedro complexo que seria a forma do universo em expansão.

Então é muita mudança que a gente teve no século XX, existe toda a mudança de posição do centro do universo para um dos arcos da via láctea e o ser humano não está no centro da galáxia. O ser humano perdeu essa conexão com a centralidade. Essa não é a experiência sensorial que temos no dia a dia.

A teoria do Lemaitre de 1927, considera que a partir de campos eletromagnéticos foi criado o espaço o tempo e a luz, e a partir da fusão e da fissão das estrelas, oxigênio e a água e ocasionando então na produção da matéria. A ideia é que esses 15 bilhões a 4,3 bilhões de anos, é que foi o início da criação do nosso sistema solar. Era era um sol que foi se esfriando, daí temos Saturno, no limite desse sol, que ainda é gasoso, Jupiter é gasoso, Marte já fica um pouco mais sólido e vai ficando mais sólido à medida que se aproxima do centro, que seria o Sol de hoje.

Há 4 bilhões de anos começam a formar as rochas sedimentares, há 2,5 bilhões de anos, o início da vida na Terra, a Era Proterozoica, que falaremos sobre isso. Segundo a teoria do Big-Bang, que difere da teoria do Darwin de uma evolução lenta. Em país de Gales, as perfurações mais profundas, para encontrar vida na terra, mostraram que a vida se organizou de repente, há 550 milhões de anos atrás, essa teoria é chamada de explosão do Cambriano, é como se ensina nas faculdades de geografia hoje em dia.

A Era Farenozoica é quando começam as plantas e quando os dinossauros morrem, as flores nascem, depois dos dinossauros, e os seres humanos aparecem há 200.000 anos mais ou menos. Então a explosão do Cambriano é chamada de Big-Bang da vida. Mostra que os seres se organizaram de forma complexa, de uma vez, e não como se imaginava: molécula que vai se juntando, formando proteína.

Este mapa faz uma ponte entre todos os 15, os 4,6 bilhões de anos como se fosse um mês. O primeiro Big-Bang seria a 15 bilhões de anos, desses 15 bilhões de anos há 4,6, ou seja, no 17º dia começa a vida. Depois nascem os trilobitas, criaturas que parecem artrópodes bem complexos, são os primeiros habitantes da terra, logo depois os peixes cartilaginosos, até chegar na complexidade dos dinossauros. Todos eles morrem, há 65 milhões de anos atrás, depois se entra numa fase rápida de aves, répteis, mamíferos, as flores e os primatas. O ser humano, saindo da mesma raiz dos primatas, no dia 31 do mês nós, seres humanos, nascemos segundo essa escala de tempo.

99% do universo é feito de hélio e hidrogênio. Praticamente 100% da matéria do sistema solar é Hidrogênio, Hélio, Carbono, Oxigênio, Sílica e Ferro. Temos então um fenômeno muito interessante de que os seres vivos não obedecem a matéria do universo, a não ser, especialmente, no hidrogênio um pouco no carbono e no oxigênio.

Somos feitos de quê? Quatro átomos (C, O, H, N). Essa é uma questão bem interessante, que retrata uma visão antiga da alquimia, de que a substância carrega uma força, como se fosse um campo microscópico que carrega uma característica e ao mesmo tempo tem partícula. A ideia de partícula e onda do Heisenberg. Essas quatro substâncias são muito importantes porque elas carregam tudo. Toda a tabela periódica restante não tem a ver com a vida. A vida é organizada a partir de quatro forças, que tem a ver com o carbono, que é o esqueleto, como se fossem as consonantes de um alfabeto e as vogais fossem oxigênio, hidrogênio e nitrogênio que flutuam ao redor desse esqueleto de carbono. Isso é a vida.

Como é que a vida integra o carbono, o oxigênio e o nitrogênio que é a base da vida. Qual é o segredo de juntar carbono, oxigênio e hidrogênio? Acontece numa membrana hidroaérea, que é entre a água e o ar, que separa o H2O do CO2, uma parte da composição do ar. No momento que se conseguiu fundir água com ar, seis moléculas de H2O com seis moléculas de CO2, se origina uma coisa fantástica que é a base da vida, se chama glicose.

Esse processo é catalisado pela luz. A luz consegue juntar seis moléculas de H2O com seis moléculas de uma parte do ar, que é o gás carbônico. Esse processo libera oxigênio. Isso aconteceu a 4,6 bilhões de anos atrás. Esse processo, o início da fotossíntese em superfícies ricas em uma estrutura fotossensibilizante que é a clorofila. Aí nasce o carbono hidratado, o ar com a água, pela fusão desse processo. Quem que faz isso? A estrutura proteica mineral verde que derruba a teoria da evolução por mutação aleatória, essa estrutura muito complexa foi o início da vida. São os quatro anéis pirrólicos que têm magnésio no centro que forma a clorofila.

Quando o nitrogênio entra na história? O nitrogênio entra quando existe uma parceria, um consórcio, entre as plantas e bactérias, nessa família específica do feijão, lentilha, grão de bico e soja, que são as leguminosas. Quando o nitrogênio penetra no carboidrato e que sofre uma metamorfose e vira uma proteína animal.

Toda a evolução, desde as plantas até o ser humano, depende dessa estrutura desses quatro anéis pirrólicos fotossensíveis que vai mudando o metal no centro. Então no começo é o magnésio que permite que a matéria seja agregada, anabolizada, construída e o vanádio em vários invertebrados. O cobre também nos invertebrados. Quando chega o mamífero entra o ferro.

Quando entra o ferro, essa substância se chama hemoglobina. Trata-se da grande metamorfose entre o verde da clorofila, que cria a matéria, o vermelho da hemoglobina, que destrói matéria, que cria um catabolismo oxidativo. Em vez de aprisionar luz na forma de carboidrato ele faz o contrário, quebra o carboidrato, libera a luz e começa nascer a consciência. Não é à toa que falamos em iluminação. Um processo fisiológico que depende do ferro. Nesse sentido, uma pessoa anêmica nunca será iluminada.

Esse processo da mudança dos metais é muito interessante porque a estrutura proteica é exatamente idêntica entre as plantas e o sangue: a seiva verde e a seiva vermelha, nosso sangue. A natureza da luz, da estrutura da hemoglobina, aparece quando ela é destruída. Depois de três meses de vida da hemoglobina, ela é destruída, então o nosso baço, a hemoglobina fica amarela, a gente chama isso de bilirrubina que forma a bílis. Ela se abre mostrando a luz.

Sabemos que uma criança que nasce por excesso de bilirrubina, porque dentro do útero não tem oxigênio, então tem um outro tipo de hemoglobina. É muito mais alta a quantidade de hemoglobina quando nascemos, precisamos destruir uma grande quantidade do sangue porque a entramos num ambiente cheio de oxigênio. A bilirrubina é sensível à luz.

Podemos fazer aqui um paralelo da família Drácula da Transilvânia com esse processo, porque existe um tipo de anemia genética chamada porfiria, em que a hemoglobina é malformada. Isso resulta na fotossensibilidade à luz, que normalmente a gente não temos porque o ferro estabiliza isso. Em algum momento, algumas famílias podem desenvolver uma doença que é uma hemoglobinopatia, doença da hemoglobina. O sangue fica fotossensível como se fosse uma bilirrubina. Essas pessoas podem consumir ferro, mas não resolve a anemia delas. Elas têm uma aversão à luz, bebem sangue de animais. Na idade média, essa família foi muito estigmatizada, a família Drácula, porque foram comparados aos morcegos que se comportam da mesma forma. Esse assunto do sangue é muito interessante.

Uma ideia de polaridade fundamental no desenvolvimento humano é vida e inconsciência, relacionada à clorofila, ao anabolismo e morte no sentido de metabolismo catabólico oxidativo, destruição de células, consciência ligada à hemoglobina. Como se fosse a grande polaridade que constrói o ser humano, porque o ser humano vive sua vida inteira entre essas duas, como se fossem duas árvores. O centro da árvore da vida, na mitologia antiga era a figueira, relacionando à árvore da vida é o nosso fígado, que até hoje não respira oxigênio, respira gás carbônico que nem uma planta. O fígado é o único órgão que se você cortar ele pela metade, se regenera em um mês. O fígado é a nossa planta, está na base dessa árvore da vida. A árvore da consciência, que tem tudo a ver com o sistema nervoso, não consegue ficar cinco minutos sem oxigênio, senão pode levar à morte celular e se baseia num metabolismo completamente diferente.

Então podemos dizer que ao longo da evolução temos a grande passagem do fim dos dinossauros e início das aves. Nessa passagem, toda a questão do calor se interioriza na homeotermia. Esse é o primeiro indício do desenvolvimento de um Eu na evolução. Isso porque todo o processo de aquisição de consciência, na formação do sistema nervoso, depende de uma capacidade de criar um mundo interno, que é diferente do mundo externo. Uma das formas de interiorizar o Self ou Eu, é a criação de uma homeotermia: um calor interno.

Em algumas tradições de etimologia, a palavra espírito nada mais é do que fogo interno, o calor interno. Espírito de Pirus, no sentido do calor. Então os dinossauros são o ápice de uma evolução, inauguram a capacidade de manter a temperatura quente. Depois que eles são extintos, temos as aves que perpetuam a capacidade do calor interno.

À medida que vamos evoluindo na filogênese, o grau de consciência vai aumentando e a capacidade de regeneração celular, vitalidade, vai diminuindo. Como se fosse uma barganha evolutiva que devemos viver, que cada um de nós vive, do ponto de vista ontogenético. Quando éramos crianças, nos cortávamos, a pele se regenerava muito rapidamente. Na meia vida, essa capacidade de regeneração diminui. Quando somos idosos, é muito difícil de regenerar. O mesmo ocorre com a consciência quando compara a criança, o adulto e o idoso? No caso da consciência é inversamente proporcional. Esse mesmo processo acontece também na evolução nos tecidos do corpo humano: onde tem regeneração não tem consciência; onde tem muita consciência não tem regeneração. Uma lei de oposição, porque não dá para manter os dois ao mesmo tempo.

Quando observamos o mundo vegetal, vemos que o crescimento das folhas começa pequeno e vai aumentando, chega um ápice no meio do caule e depois, em direção à flor, as folhas vão reduzindo. Então aqui fica exemplificado o mesmo princípio da metamorfose, onde tem mais vitalidade, a primeira metade da planta é diferente da segunda metade da planta, a parte superior, onde as olhas vão reduzindo para entrar num outro princípio. Esse outro princípio completamente diferente é o mundo das flores.

Como eu já comentei, as flores vieram depois das aves. Dinossauro nunca viu flor, elas não existiam. A flor é muito recente no planeta Terra. Todo esse processo de metamorfose, que cresce e depois vai diminuindo, é característico das plantas que colocam a flor. Como um outro campo de forças que se configura na parte superior da planta, não possui a característica de folha, não é bidirecional, não é verde. O mundo da flor é um mundo tridimensional, de cheiros, de perfumes, que são os feromônios. Cada flor tem um cheiro que se relaciona a um inseto, a um pássaro. A orquídea se liga aos besouros, com o cheiro. Então cada flor tem relação com o mundo animal.

Na semente temos uma paralização do tempo. Neste desenho, do lado esquerdo temos quatro tempos e do lado direito três dimensões do espaço. A raiz é o que eu chamo de tempo 1, ela cresce continuamente, vai envelhecendo. Já a folha nasce numa forma bem jovem, faz uma pausa, depois vem outro nó, vem outra forma de folha e então ela sofre metamorfose.

Já foi filmado que as primeiras folhas, da maioria das plantas, elas nascem como se fosse da forma de uma pontinha que depois recorta, depois ela cresce, e depois forma muitas vezes o pecíolo que é o cabinho. Então o que vemos embaixo, essas formas aqui embaixo das folhas são as formas que já passaram pelas fases recém-nascidos, jovem, adulto, idoso. Na medida que a planta vai crescendo, ela faz uma pausa e vem uma forma mais jovem, esse é o estado vegetativo que acontece nas folhas. Ela vai com pausas rejuvenescendo.

Quando chega na flor o tempo é sincronicidade, tudo junto, as sépalas, as pétalas, os estames, o pistilo a partir de um ponto só. Então isso vai criando a primeira dimensão do espaço que é a linha na raiz, a segunda dimensão do espaço que é o plano na folha e a terceira dimensão que é a flor. Portanto a flor não pertence ao mundo vegetal. A flor pertence ao mundo animal, porque ela tem um metabolismo oxidativo, não é perene, ela cai morre. Tem umas que duram horas só com as flores. Diferente das folhas que têm metabolismo anabólico de crescimento, completamente diferente.

Se alguém achar estranho esse processo em inversão do tempo, rejuvenescimento nas folhas, lembre o que acontece com o ser humano quando entra em estado vegetativo. Ou seja, quando dormimos, nós seres humanos, envelhecemos ou rejuvenescemos? Em termos biológicos rejuvenescemos, porque estamos em estado vegetativo. O mesmo ocorre quando mudamos da cidade grande para o mato, ir para lugares com muitas folhas, rejuvenescemos.

Estamos submetidos à um campo de forças que é o tempo da água. Dentro da água rejuvenescemos. Interessante pensar no nível de consciência que tem relação com a água, que tem a ver com as folhas. Quando tomamos banho, seja de banheira ou chuveiro, temos mil ideias, quando nos secamos esquecemos grande parte dela porque entramos em outro nível de consciência. O nível de consciência de imagens é mais sintético, no ambiente da água.

Quando olhamos para a flor dá para ver que a flor não é muito planta, ficamos bem animal, animamos as pessoas, ficamos animados com as flores. De uma forma não cultural, mas quase que intuitiva, quando uma criança quer apresentar afeto à outra criança, não dá raiz, não dá caule, não dá folha, dá flor. A flor revela algo.  

Aproveito a sequência evolutiva como Lovelock, o físico da Nasa, que resgata a teoria dos gregos, a teoria Gaia. Essa teoria considera que o planeta terra possui quatro níveis de organização: abiótico, sem vida, que seria o mais ligado ao mineral. Os biomas, que são feitos de carboidratos, que é o mundo da vida.  O mundo animado, que tem a ver com toda a construção da fauna do planeta terra, e o o mundo nitrogenado, porque os animais são feitos de proteínas e as plantas são feitas de carboidratos basicamente, exceto os feijões.

Esse nível de organização no planeta ele se individualiza nos hominídeos. Por alguma razão os hominídeos carregam uma capacidade de individualização diferente de uma experiência coletiva, que é muito mais importante nos invertebrados e nos primeiros vertebrados. 

Eu vou começar aqui, com uma das formas mais primitivas de vida na terra e de organização.

Esse aqui é o vírus da gripe, o adenovírus, e quase todos os vírus eles são formar geométricas maravilhosas, lindas, mostrando que eles estão entre uma estrutura mineral e uma estrutura vegetal.

Aqui o adenovírus, que é o vírus da gripe, que tem basicamente uma composição de RNA ou DNA e uma cápsula. É muito semelhante ao núcleo de uma célula. Não é exatamente igual, mas ele tem um material genético e uma cápsula. Essa cápsula, ela tem complexidade, a gente está agora acompanhando o coronavírus que tem aquelas espículas todas, fazendo com que ele se pareça com uma coroa tridimensional, por isso, é chamado de corona vírus.

Os vírus em geral são seres que dependem das células vivas para se reproduzir, porque eles carregam uma vida muito primitiva, em simbiose, equilibrada em geral com as plantas, os animais e os seres humanos. O desequilíbrio acontece, como a gente está vendo agora na pandemia, quando o ser humano destrói grande parte das florestas e começa a matar os animais selvagens. Nesse caso temos as zoonoses, como vemos nesse momento da humanidade. Normalmente, porém, os vírus vivem em perfeita harmonia.

O vírus é uma primeira forma muito simples de vida, que alguns discutem se tem ou não tem vida, mas carrega uma coisa fundamental: memória. A memória do vírus é cristalizada na forma de RNA e DNA, então tem memória e tem características minerais.

Quando a gente entra no universo das bactérias é completamente diferente. A bactéria é um bicho animado, ou seja, se movimenta, tem percepção sensorial, podendo fazer fagocitose numa direção específica da bactéria. A bactéria ela percebe uma direção e segue nessa direção da sua percepção, se movimenta.

Pode ser monogâmica, como o diplococo que é sempre um casal ou poligâmica. Quando fazemos cultura de bactérias, o que podemos perceber? Cores e movimento.

A bactéria é algo muito mais animado, ela lembra os animais, um nível mais primitivo possível. Se pensarmos nas amebas, elas já possuem uma consciência porque vão em uma determinada direção, ou seja, não se movimentam aleatoriamente. Possuem uma percepção, como se fosse um primórdio de um sistema nervoso periférico químico, que ainda não tem células, mas tem receptores químicos para o ambiente.

Isso seria o início da vida protozoa, protozoária, como uma forma bem primitiva.

Protozoário

Então, essas características, que vão fazer parte da ameba até o ser humano: percepção e movimento. Ao longo da evolução a invaginação, que é a criação de espaços internos a partir de uma superfície, de uma membrana. Quando invagina, ou seja, quando forma um espaço interno, aí a gente tem o espaço possível de uma consciência interna, separada da consciência externa. A partir disso vai se organizando aos poucos um sistema neuro-endócrino-muscular que é externo e vai se transformando em sistema nervoso interno. O sistema exócrino vira sistema endócrino e a musculatura vai se criando. 

Trilobita

Então, esses aqui são os primeiros animais do planeta terra, os trilobitas, bem complexas, que surgiram junto com as algas a 4,6 bilhões de anos atrás, mostrando que a vida se organizou de uma forma muito complexa. Lembra quase um camarão, só que pequeno.

E aqui é uma foto de microscopia eletrônica de varredura de uma trilobita.

Trilobita

É surpreendente isso, a explosão do Cambriano. O Cambriano é uma fase da terra a 550 milhões de anos para começar se estrutura melhor. E ao longo dessa estrutura toda dos animais, vão se estruturando as esponjas, os cnidários, os platelmintos, os anelídeos enfim tudo, até chegar o momento que se cria o eixo central do corpo humano, que é a notocorda, que vai diferenciar tudo que era antes e tudo que era depois – o eixo central.

A primeira coluna vertebral dos animais é chamada notocorda e tudo que era antes é chamado invertebrado e tudo que é depois é chamado vertebrado. Então seria um grande salto evolutivo os cordados, depois o segundo grande salto evolutivo, a gente vai ver, que é quando a gente passa do cefalocordado, os peixes, anfíbios, répteis, aves para os mamíferos. Os mamíferos significam um grande salto evolutivo porque mamífero significa “aquele que sente”. Porque o sistema límbico, que é o sistema nervoso dos sentimentos, nasce com os mamíferos.

O mamífero começa eliminar ocitocina, que é o hormônio do amor, para ejetar leite, para parir o filho e para criar relações de afeto. Então quem cria o afeto não é o ser humano, são os mamíferos. Esse é um dos motivos dos seres humanos amarem os mamíferos, cachorro, gato, em geral. Entre os mamíferos, os insetívoros, as baleias, os morcegos, os carnívoros, os ungulados, surge um outro salto evolutivo que são os primatas, que desenvolvem um novo cérebro: o córtex cerebral que está acima do sistema límbico. Então tudo muda, temos os grandes macacos e depois a passagem até o ser humano. 

Então a primeira coisa que eu queria trazer, essa análise aqui é muito interessante, mostrando que todas as fases do desenvolvimento embrionário do ser humano, gametas, blástula, gástrula, o mesoderma, dendoembrião, a formação da metameria que é a segmentação do corpo, o saco vitelino, a invaginação do saco vitelino, saco amniótico que é a bolsa de líquido amniótico e o corioalantoide eles correspondem às etapas de evolução dos animais.

Então vamos olhar isso.  Os gametas, quando a gente olha o espermatozoide, o que que eles são? Os espermatozoides são protozoários. Umas células que trabalham de forma colaborativa, em mutirão, para dissolver a veste nupcial do óvulo, que é a zona pelúcida, para que um entre e faça a fecundação. O que entra não é o primeiro da fila, aqui fazendo uma brincadeira, os primeiros seriam os paulistanos, que são mais apressadinhos, mas quem vai fecundar vai ser o mineiro ou o baiano. Vai ser alguém bem mais tranquilo, porque é um trabalho de mutirão, não é um trabalho de competição, como a gente aprendeu no colégio. Aí chega essa relação. Na imagem vocês devem conseguir ter ideia do tamanho do espermatozoide, o rabo dele. Na frente do rabo tem a cabeça. A cabeça do espermatozoide é quase que um cometa, em relação ao planeta.

É muito grande o óvulo, é visível a olho nu, essa última foto é de microscopia.

Essa relação de polaridade, entre movimento do espermatozoide e forma do óvulo, ela se une e a gente cria o começo do processo, que é o embrião, medindo 0,1 milímetro. Esse encontro acontece no final da trompa de falópio ou tuba uterina e aí ao longo do caminho de chegada no útero, ainda com a zona pelúcida do ovário para não grudar na tuba, o embrião vai se dividindo, vai se dividindo, até chegar uma forma daquela frutinha, a amora, que é chamada mórula, em latim, que vai sofrer agora a primeira grande diferenciação celular.

Então neste ponto quero chamar a atenção para vocês, porque não é a genética que coordena esse processo.

Todas essas células são geneticamente idênticas à célula mãe. O que podemos citar, que melhor explica esse fenômeno, é a teoria é do Rupert Sheldrake dos campos morfogenéticos. A ideia de que as células do centro têm uma tendência de se compactarem para formar o corpo humano e as células da periferia tem uma tendência a se compactarem numa estrutura externa, como se fosse uma cápsula, criando um líquido entre o interno e o externo. O que é externo denominamos placenta. Então a placenta não é da mãe, é do embrião. O corpo do embrião, nessa fase da mórula, ele se divide em centro e periferia, e a periferia forma a placenta que vai grudar no endométrio, ou seja, no útero. Então a placenta é algo como o irmão gêmeo univitelino do nosso corpo.

No momento do parto, na verdade existem dois partos: um deles é muito celebrado, comemorado com choro, que é o das células do centro e logo depois o parto da placenta. Então, centro e periferia, essa mágica de imaginar que por alguma razão as células se comportam de forma completamente oposta. Todo esse processo não é coordenado pelos genes, porque os genes são iguais. Essa teoria de explicar a organização das células do corpo humano a partir de fora é chamada teoria da matriz extracelular, que é o que se ensina hoje nas faculdades de medicina. 

Então teremos a recapitulação do primeiro nível da filogenia, comparando a giárdia, que é um protozoário, com o espermatozoide, eles são parecidos. E em termos da fase de blástula, as algas que têm duas membranas só. Que vai equivaler o que a gente vai mostrar daqui a pouco, as duas membranas que vão formar o corpo humano.

Nesta imagem abaixo, conseguimos visualizar tudo o que foi dito sobre o embrião. Esse processo divisão até formar a mórula, vai acontecendo porque somos empurrados de uma maneira muito gentil pelos cílios, muito macios, dentro da trompa ou da tuba uterina, que empurram em direção ao útero.

Durante a queda é que vai acontecer aquela primeira diferenciação, centro e periferia. Na queda também rompemos aquela ligação com a membrana do ovário, que era a zona pelúcida. Nesse sentido, é como se fosse um parto entre a primeira e a segunda semana da gravidez.

Aqui está mostrando detalhe dessa separação durante a queda do nosso corpo, a gente separa dessa membrana. E aí, ao mesmo tempo o centro, que vai formar o embrião, ele fica solto até que ele gruda numa parede. Então o que vocês estão vendo aqui é o embrião que tem escura a membrana externa, que são as células que vão formar a placenta, e a parte central ela se deslocou, ficou excêntrica, para formar o corpo humano.

Então, podemos dizer que ao final da primeira semana o germe do ser humano se forma e se diferencia do seu irmão gêmeo nutridor. Agora nessa segunda semana, esse irmão nutridor, acolhedor, protetor, irá se diferenciar quatro estruturas que são a base de desenvolvimento do corpo humano. Como se fosse a nossa família externa, essas quatro estruturas são: o saco vitelino, o saco amniótico, o alantoide e o córion.

Vale lembrar que existe um paralelo do número quatro, carbono, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio. O Carbono tem a ver com a estrutura da matéria, é o nosso primeiro alimento, é o vitelo, é a gema do ovo no caso das aves. A matéria, tem a ver com o carbono. O oxigênio puro, tem a ver com a vida, com a água, ele está dissolvido com o hidrogênio como H2O. Isso tem a ver com o líquido amniótico, riquíssimo em oxigênio (oxigênio, não O2, o “O” da água). O nitrogênio, ele tem tudo a ver com o alantoide, que é uma estrutura que eu já vou mostrar, que é nosso primeiro rim ou bexiga, é um órgão para eliminar o nitrogênio do metabolismo. Depois a gente vai chamar de urina, que é nosso líquido nitrogenado. E por fim, o calor na matéria orgânica está ligado ao hidrogênio que faz a dupla ligação na matéria, que está ligado ao córion, que é a estrutura externa, onde vai formar o sangue.

Então nessa imagem acima, do lado direito essa cavidade é o saco vitelino, essa cavidade escura. As células em amarelo, no centro, são as células que miram para o saco vitelino, que no futuro vão ser o endoderma. O endoderma é a camada de dentro. Logo, à esquerda, em azul, o ectoderma que vai formar o tecido da consciência, o sistema nervoso.

A partir do ectoderma começa a formar uma pequena bolinha, que é o saco amniótico, depois eles vão ter um tamanho igual, e essa estrutura que sai da bola amarela é o alantoide, que vai ser nosso primeiro rim. Esse estado de equilíbrio entre essas duas esferas (ectoderma e exoderma) é muito importante da gente enxergar, porque isso vai durar pouco tempo. O líquido amniótico vai ficar muito grande, vai crescer e o saco vitelino vai ficar pequeno, fazendo com que o embrião se dobre.

Esse momento é a fase mais magra do ser humano. A gente é tão magro, vocês têm que imaginar o seguinte: imagina duas bexigas, duas bolas, que se tocam, o ser humano é apenas o contato entre as duas bexigas, as duas esferas. Só tem duas camadas de células, a camada da vida e a camada da consciência, endoderma e ectoderma, árvore da vida e árvore da consciência. E aí tudo vai se desenvolver. Eu achei essa imagem abaixo no livro de mitologia, é o fundo de um vaso Etrusco, pré-grego, que mostra um ser humano agarrado com as suas mãos à duas arvores, na frente uma árvore que tem um pássaro bem tranquilo no topo e do outro lado, que ele está de costas, tem uma árvore que tem uma serpente subindo, tem uns filhotes no topo da árvore e a mãe está tentando salvar. Isso representa, do lado direito, o sistema digestório o primeiro cérebro. E atrás o sistema nervoso central, que é nosso segundo cérebro. Esta imagem lembra muito anatomicamente o que vai acontecer.

Então, a primeira formação na evolução e no ser humano é o frente e trás, o ventral, o ventre e o dorso, ou seja, a barriga e as costas. Não tem tridimensionalidade ainda no ser humano e nem nesses seres que eu vou mostrar: é só frente e trás, o endoderma e o ectoderma. Essa família na evolução é chamada de Celenterados, que são os corais do mar, as anêmonas, as esponjas, as hidras, que vão originar o primórdio do sistema digestório. A vida é alimentação, é o intestino. Então é isso aqui pessoal, não tem mesoderma, é só ectoderma e endoderma. Não tem tridimensionalidade assim muito construída ainda. Esse aqui é fosforescente ainda, os corais, as anêmonas do mar, as esponjas. Então este é o estágio mais primitivo; o objetivo da vida é comer.

Começamos então o caminho da criação de um espaço orgânico para que uma alma possa se desenvolver como forma de consciência, que é a interiorização. A passagem do bilaminar, bidimensional para o trilaminar, tridimensional. A partir das células das costas do embrião, do ectoderma, na região que corresponde ao nosso cóccix, se forma uma linha, chamada linha primitiva. Essa linha é como uma fenda por onde as células do ectoderma entram, invaginam, sofrem metamorfose para criar o mesoderma. Então, o embrião de bidimensional começa a ter um espaço interno tridimensional.

Quem faz isso na evolução? A estrela do mar. Os equinodermas começam a criar o mesoderma intraembrionário, porque já existia um mesoderma extra, antes que não vai dar tempo de entrar muito aqui, mas o dendocorpo os equinodermas. Então nasce um sistema ambulacral, que é uma mistura de pernas com circulação, um sistema nervoso visceral que tem gânglios nervosos, uma simetria radial de membros que na ponta de cada braço da estrela do mar tem os olhos dela, cinco fígados, cinco dentes e a boca da estrela do mar foi chamada por Aristóteles a lanterna de Aristóteles.

Esses seres juntam a sensorialidade e o movimento, união ritimica de circulação e movimento – sistema ambulacral. Possuem uma simetria radial de membros com olhos nas extremidades, o olho e o braço ainda não estão separados. Outro fator interessante são os cinco fígados ocos e os cinco dentes. Essa forma dos cinco da estrela do mar depois vemos manifestado também no corpo humano: cabeça, dois braços e duas pernas.

Lembrando que começa a nascer o primeiro sistema nervoso na evolução que é o parassimpático. O sistema nervoso visceral, que é o sistema nervoso ligado aos órgãos das vísceras, tem uma dualidade: une a musculatura lisa que é inconsciente e as vísceras de uma forma parassimpática. Então, estimula a peristalse, o movimento do intestino, as secreções. Tudo o que é sensorialidade para fora se fecha.

Quando entramos no caminho da consciência, estamos no sistema nervoso simpático, que é o sistema nervoso do stress, que se abre para a musculatura consciente, musculatura voluntária que é a musculatura estriada. Está conectado com os órgãos sensoriais e fecha todo o sistema digestório sensorial que se fecha com o simpático. Então começamos com o parassimpático, com o exemplo do ouriço do mar. Assim como a estrela do mar, o ouriço também é feito com cinco membros, porém, eles se juntam na frente dos olhos. Ele tem cinco olhos, cinco membros e a boquinha junto.

O pepino do mar já demonstra uma sabedoria muito peculiar: “tenho que salvar minha pele”. Quando vem um tubarão, algum peixe que quer comer ele, o que que ele cria um apoptose, que é morte celular programada. Na boca e no ânu, ele solta todo o sistema digestório dentro do corpo dele, cospe todo o intestino dele para fora: o peixe predador fica feliz se alimentando e ele sai como pele, como ectoderma. Em alguns dias ele regenera tudo de novo. A essência da consciência é o ectoderma, é o órgão nobre dos animais.

Esta figura acima, não parece um intestino dentro de uma pele? Esse ser existe, tudo está no mar.

Agora vamos olhar no embrião.

No embrião, essa bola na frente do embrião, é o saco vitelino. O que é o sistema digestório no ser humano? É a interiorização dessa esfera, que a gente pode chamar de, analogicamente, da árvore da vida que vai criar uma árvore interna que é o sistema digestório.

No embrião, essa bola na frente do embrião, é o saco vitelino. E o que é o sistema digestório no ser humano? É a interiorização dessa esfera, que a gente pode chamar de, analogicamente, da árvore da vida que vai criar uma árvore interna que é o sistema digestório.

Na imagem acima, é possível visualizar de um outro ângulo o saco vitelino de amarelo, que está cheio de vitelo, de vida, o amarelo nutridor. Nos dobramos em relação a ele, até formar o tubo intestinal. Ao mesmo tempo, em cima, vemos o saco amniótico, nesta imagem já se formou o tubo neural.

Se olharmos um ser humano deitado, conforme imagem acima, o tubo cortado amarelo que é o intestino e o tubo cortado em azul que é o sistema nervoso central, enxergamos a mesma grande polaridade daquele vaso Etrusco citado anteriormente, das duas árvores da vida e do conhecimento.

Nesta imagem vemos outro ângulo de dobramento do embrião. O saco amniótico cresce muito mais rápido do que o outro. Conseguimos ver na imagem o intestino se formando.

Anteriormente não tinha intestino, era tudo saco vitelino. Ele vai se dobrando até se formar o intestino primitivo, da boca até o ânus. O que fica de ligação é o cordão umbilical.

Nessa foto do embrião com seis ou sete semanas, conseguimos visualizar o saco vitelino, ainda ligado a ele. Ainda possui rabo bem grande, como os primatas. Visualizamos também as mãos e o rosto se formando.  

Essa é a imagem de um curso que fazemos, nós damos há dez anos em um curso de embriologia. Nesta imagem são os alunos de pedagogia, foram 80 alunos Aracajú. Eles estão segurando uma bola e deixando o ar entrar dentro do umbigo deles e deixando o ar entrar para vivenciar a formação do intestino primitivo.

Conforme vemos na imagem acima, a partir desse intestino de vida, a árvore de vida, brotam órgãos como fígado, pulmão, vesícula biliar, pâncreas, brotam como de uma árvore, os órgãos viscerais.

Então vamos para um outro salto evolutivo, quando os animais começam a se segmentar, a metameria. Antes era o mundo ventral e dorsal. Agora é o mundo acima e embaixo, ou cranial e caudal. Estamos falando dos artrópodes, insetos. Então todos os estudos de segmentação do corpo humano começaram com a drosófila, que é a mosca.

A genética da formação do corpo humano existe em segmentos. Aqui nesta foto vemos a marcação de proteínas do embrião humano, na mosca, mostrando que desde os insetos a gente começa ter essa segmentação.

Aqui podemos fazer uma ponte entre os planos corporais que eu estou apresentando, ventral e dorsal e o cranial e caudal com a psiquê. Porque isso é uma coisa interessante, o ato de dobrar-se para frente e para trás, o movimento, quero ir, não quero ir, está relacionado basicamente com algo muito primitivo, que é o cérebro mais primitivo e está ligado à vontade. Toda construção da vontade, significa me deslocar para frente ou para trás. Quando entramos na metameria, que é cima embaixo, começamos a entrar num mundo de sentimento. Falamos popularmente que uma pessoa está down quando está mal, ou então up quando está bem. Estamos aqui relacionando a um segundo nível da psiquê, da metameria, que tem a ver com tórax, com sentimentos.

Na imagem acima vemos os genes conhecidos como homeobox que vão cuidar só disso, da segmentação. As minhocas começam inaugurar essa segmentação, excretam humus e fertilizam com a peristalse a terra. São como se fossem intestinos de vida livre, alimentando a terra. Os vermes, que também são anelídeos, gostam de viver em intestinos. Eles são um mundo.

Os artrópodes começam a segmentar regiões, a pele começa a ficar dura, com quitina ou celulose. Começam a respirar e então temos a cabeça, o tórax, o abdômen, toda essa separação. As centopeias, as aranhas, os siris, caranguejos. Todo esse mundo da segmentação.

Aqui nesta foto vemos os animais mais complexos, olha a segmentação na cauda, no ferrão.

Quando olhamos a formação do braço humano, vemos essa lei perfeita: entre o ombro e o cotovelo um osso, entre o cotovelo e o punho dois ossos, e depois o pulso é formado por três e depois quatro fileiras, são sete osso que vão no pulso e a na mão cinco. Tentem imaginar os genes organizando isso, é muito complexo. Formamos primeiro a mão, uma bola, depois cinco. Depois o punho é formado, quatro, depois três, depois forma o (ante) braço, dois e depois forma um. Esse processo é uma orquestração da segmentação. Hoje em dia já se conhece os genes da mão, do punho, do braço. Enquanto está acontecendo esse processo, as células estão em crescimento, com material genético igual. Vamos imaginar um processo extracelular coordenando, que nem um teclado, o piano genético, para poder ordenar isso direitinho.

A mesoderma, típico das estrelas do mar, como é formada? Mostrei anteriormente que entra na invaginação do ectoderma na região do cóccix. O cóccix não existe, mas seria nessa região. O caminho do mesoderma é muito interessante, porque ele caminha no sentido do cóccix em direção à cabeça, como se fosse em sete direções.

No meio a notocorda, depois três setas de cada lado criando como se fosse um candelabro de sete velas dentro do corpo humano, esse é o mesoderma. Isso constitui todo o tecido conjuntivo os ossos, os músculos, os tendões.

Nessa imagem vemos a segmentação, formação da coluna vertebral, que é uma segmentação da notocorda, que vai formar osso e disco intervertebral, mas o osso não se forma da notocorda, ele se forma desse mesoderma ao redor que se junta.

Essas imagens são para mostrar o caminho da segmentação.

O mesoderma ao redor da notocorda segmenta e cada quatro estruturas chamadas somitos, que são pequenos corpos, formam uma vértebra. Uma vértebra é formada por quatro estruturas, duas à direita e duas à esquerda. Então é criado o exoesqueleto.

Os braços e pernas são endoesqueletos. Estão no centro do corpo, mas então começa a se formar o exoesqueleto, na cabeça, completamente o oposto do pescoço para baixo.

Quem começa a criar o exoesqueleto são os moluscos, que têm um corpo proteico mole e uma concha dura, como se fosse uma cabeça. Pensando que a concha é cálcio com CO2, é como se fosse uma expiração de CO2 petrificada. O gás carbônico, junto com o bicarbonato se separa em cálcio e CO2 , forma um osso que se separa: temos a lula, o polvo, a sépia, que desenvolvem um sistema nervoso central e o olho, as conchas, que basicamente criam respiração e os caramujos, que são intestinos com aquela carapaça.

Na imagem vemos o caso dos polvos. Já existem documentários falando sobre o polvo e a demonstração de afeto que eles tem, “O Professor Polvo” um filme revolucionário. Então vejam a estrutura complexa do polvo.

Aqui a lula, um tipo de lula.

Essa segmentação maravilhosa com a casca, né, essa mistura, aqui é o caso de uma mineralização né, parece ágata né, só para mostrar essa segmentação maravilhosa desses seres, os moluscos.

Depois temos a mudança total que é o começo dos cordados, os primeiros anfioxos. Eles têm uma coisa muito estranha porque eles invertem o tempo: começam adultos, depois regridem os órgãos e viram larvas, continuam se desenvolvendo e é a larva que reproduz. Possuem coração, gânglio nervoso, tudo regride, sendo que as formas mais jovens são as mais complexas e a medida ele vai ficando adulto ele regride, inverte o tempo e inaugura o mundo dos cordados. Eles são o ponto de mutação da evolução, são seres que lembram pedras.

Caminhamos a partir do momento que se cria a corda, a notocorda, os cordados, a simetria lateral direita e esquerda, que está na imagem acima acima visível, pela linha primitiva, no centro da imagem, que divide em direita e esquerda.

Então, na imagem vemos um processo a partir da notocorda. Vemos a estimulação das células do ectoderma das costas, entrarem para dentro do corpo humano, por um processo de invaginação, que dura 10 dias no embrião humano, para formar o sistema nervoso central.

Na imagem acima vemos o caminho da invaginação, induzido pela notocorda. E aí, vocês estão vendo que se forma um tubo.

Acima uma imagem das costas antes da invaginação e outra imagem depois da invaginação. É possível visualizar um corte transversal, abaixo a notocorda e em cima o tubo neural.

O tubo neural tem líquido amniótico no começo, porque ele invaginou das costas que tinha todo aquele oceano de líquido amniótico, então no começo tem líquido amniótico.

Depois ele se fecha como um zíper, no sentido cranial e caudal para formar o tubo neural. O tubo neural tem no começo três grandes áreas e a continuação é o tubo neural primitivo, conhecido como medula espinhal, que fica primitivo para o resto da nossa vida.

Agora essas três áreas assinaladas na imagem acima são: rombencéfalo, mesencéfalo que forma o tronco e o prosencéfalo que forma o nosso cérebro.

Essa é uma fotografia premiada de uma etapa do desenvolvimento do sistema nervoso.

Tem uma fase que a gente forma um ângulo para criar um pequeno cérebro, atrás, na nuca, que é chamado cerebelo. Bem no ângulo central da imagem, se forma um outro cérebro que é só para dar equilíbrio.

A partir desse cérebro e do sistema nervoso central que criamos os nossos nervos, os axônios. Existe algo muito importante entre o encéfalo, que está na cabeça e a medula espinhal, tudo se inverte. O que era direita vira esquerda, o que era esquerda vira direita, o que era fora vira dentro, o que era dentro vira fora.

Então só lembrar que o neurônio ele tem um corpo e tem os axônios. O corpo é chamado substância cinzenta e o axônio é chamado de substância branca. Dentro da medula a substância cinzenta está no centro, a branca na periferia, é como se o impulso elétrico fosse do centro para a periferia, no cérebro é o contrário. Quando uma pessoa tem um traumatismo ou um AVC (acidente vascular encefálico) do lado direito da cabeça, ela fica paralisada aonde? Do outro lado. Ou seja, a construção do corpo humano, especialmente no sistema nervoso central, mostra aquele princípio do oito (8), do infinito, em que tudo se cruza, esse cruzamento acontece no pescoço, numa região do tronco.

Nessa imagem acima, do mesmo jeito que a árvore da vida, vemos que o intestino forma brotos. A árvore do conhecimento, que é o sistema nervoso central, também produz brotos, um deles são os olhos. Aqui eu estou mostrando como é que forma o olho. O Olho nasce da evaginação, é como se fosse uma saída lateral, que vai encontrar com a pele da face e aí a pele da face vai reagir e vai mandar também um impulso para dentro, e aquilo que era uma bola, que era o olho, ela encolhe para dentro e forma um cálice. Esse cálice é a retina e o que ficou da pele da lateral do rosto para dentro do olho a gente chama de cristalino. Então é como se fosse um Tai-Chi, vai um para um lado e depois vem o outro e reage e vai para o outro. Então, só para mostrar como essa árvore do conhecimento também forma os órgãos.

Na imagem acima, mostrando o olho.

Essa imagem seguinte nos mostra uma grande diferenciação no sistema nervoso que se relaciona com dois tipos de consciência e a dois tipos de músculos. O músculo das vísceras, é a musculatura lisa, que não tem consciência, se move de forma autônoma. Depois tem a musculatura a somática, que se liga ao sistema nervoso somático, enquanto a outra ao sistema nervoso visceral. Só existe um lugar do corpo humano que se tem a fusão completa dos dois tipos de músculo, integrando o inconsciente da musculatura lisa, com o consciente da musculatura voluntária, o coração. O coração é o único músculo no corpo humano que é uma fusão perfeita dos dois, o músculo cardíaco.

O sistema nervoso central se cria agora nos peixes, então começa a se criar um esqueleto dentro, endoesqueleto. O líquido amniótico dos peixes é o mar ou o lago ou um rio, ainda não separou. Ele tem saco vitelino o peixe, mas ele não tem saco amniótico. Porque o saco amniótico é a interiorização do mar, do rio ou de um lago. A percepção no peixe, ainda é generalizada, ele ouve pela pele, sente gustação, sente sabor pela pele. No começo todos os peixes eles não são duros, eles são moles, a gente chama de cartilaginoso. Caso do tubarão que é super antigo. Aos poucos, do mesmo jeito que a gente ossifica a cartilagem, ao longo da ontogênese, na filogênese o peixe cartilaginoso ossifica ao longo de milhões de anos, os ossos. Esse processo é como se fosse muito próximo do ser humano, uma notocorda, um eixo.

Depois entramos no mundo da saída da água, Anfíbio quer dizer “duas vidas”, o mundo da água e o mundo da terra. A metamorfose acontece por causa da tireoide. Se você tirar a tireoide do girino ele nunca vai virar sapo. A tireoide é o grande órgão da metamorfose e que é geradora de consciência. Lembrando que no ser humano, se você nasce sem a função da tireoide, você nasce com o sistema nervoso incompleto porque todo o processo da mielinização, que é o recobrimento dos axônios do sistema nervoso do corpo inteiro por mielina, depende do hormônio tireoidiano. O hormônio tireoidiano vai fazer a formação de pulmão e membros. Então, começa o mundo do som: o coaxar dos sapos. O mundo aéreo e a reprodução começa ficar mais interiorizada, e o saco vitelino invagina mais, forma um intestino mais complexo. 

Depois vem o ferro, o sangue começa a ficar vermelho. E essa é uma frase muito bonita do Rudolf Steiner, que é o grande pai da antroposofia: “o ferro ajuda a despertar o corpo protéico de seu sono vegetativo, abrindo-o às forças da consciência”. Nós começamos com o ferro a ter essa capacidade de liberar luz da fotossíntese, que foi armazenada ao longo da evolução no anabolismo, para um catabolismo oxidativo, que destrói proteína, carboidrato e lipídeos para gerar consciência. Sem o hormônio tireoidiano isso não acontece. 

Entramos agora no domínio da terra, os sauros, que são os dinossauros e os répteis. Começa a existir um processo de descida do rim, porque o rim do peixe está atrás da guelra. Nos répteis, qualquer cobra, crocodilo, jacaré, tartaruga, possuem o rim no tórax. São várias bolinhas, então o rim vai descendo da cabeça e vai descendo. O coração começa a se septar em quatro cavidades. Surge também uma estrutura no rim que domina a água, porque o peixe produz litros e litros de urina por dia, não precisa economizar nada. Para os animais irem para a terra se cria a alça de Henle, que é uma estrutura bem complexa do rim, microscópica, que volta a água para dentro. Por causa disso, que os répteis dominam os desertos. O réptil cria o ovo, que é uma internalização do mar, do rio, do lago. Ele eleva o nível de oxigênio no sangue, por causa da septação do coração. O réptil acorda, o primeiro cérebro é reptiliano. Desenvolve homeotermia nos sauros, depois se perde repteis, se mantém nas aves. As serpentes desenvolvem uma coluna vertebral gigantesca. As tartarugas desenvolvem um tórax gigantesco e os crocodilos membros fortíssimos. Se você juntar uma serpente com uma tartaruga e um crocodilo, você vai ter uma estrutura mais humanoide.

Nessa imagem quero mostrar a formação do coração, que é uma parte muito bonita, porque o coração no embrião ele se forma depois da circulação estar existindo. Na direita, é possível visualizar o saco vitelino cheio de sangue, aqui nessa rede, que penetra para dentro do corpo e forma dois vasos, chamados vasos cardinais, que circulam sangue sem coração. Só que acima da cabeça do ser humano embrião, numa área que equivaleria a um chapéu, uma coroa, existe uma área chamada área cardiogênica. Essa é a área formadora de coração, mas não tem coração. O que ela faz? Ela faz tocar os dois vasos. Esses dois vasos que se tocam eles formam um coração primitivo. Como os anatomistas eram poéticos, eles consideravam que o coração parece um palácio, por isso, chamam de átrio onde entra o sangue, porque todo o palácio tem um átrio. A região onde sai o sangue, como forma uma musculatura mais desenvolvida, como pequenos ventres, é chamado os ventrículos.

Nessa imagem temos uma fotografia do encontro dos dois vasos acima da cabeça e a parte de baixo dos dois lados seriam os átrios, em cima os ventrículos, porque no começo é assim. Então acontece um processo bem interessante, tudo o que é sistema nervoso ectoderma é simétrico, direita e esquerda. Tudo simétrico: dois olhos, dois cérebros, tudo é dividido em dois. O que ocorre é que o embrião, na quarta semana, se dobra: a cabeça vai em direção ao intestino. No intestino, no endoderma, a dinâmica de formação do corpo humano é completamento oposta, rege um outro princípio morfológico que é a espiral. Basta olharmos quando se forma o intestino, ele é um tubo. Então vem uma artéria, que é chamada artéria mesentérica, é uma artéria que temos na barriga. Perpendicular a esse tubo ele começa a rodar. Assim se forma o intestino delgado.

Se olharmos toda a anatomia do interior da barriga, dentro do peritônio, é espiral. Quando olhamos o sistema nervoso é simetria direita e esquerda. O que vai acontecer com o coração? O coração, como é um órgão que nasce na região da cabeça, do ectoderma, ele é totalmente simétrico, mas à medida que ele vai descendo, ele começa a se torcer, até ele fazer a rotação de 180 graus.

O átrio que era embaixo vira vai para cima e o ventrículo que era em cima vai para baixo, então ele faz uma rotação. Por que aconteceu isso? Porque o coração passou de um campo morfogenético ectodérmico do cérebro, para um campo morfogenético espiral do intestino.

Então durante a migração do coração, o dobramento, ele roda, como se fizesse um eixo: dois vasos, na hora que ele se dobra ele começa a entrar em contato com o intestino ele roda paralelo ao intestino, continua dobrando e tem uma outra rotação, que é a rotação do coração no seu próprio eixo. Então, primeiro o coração roda 180 graus, em seguida o átrio sobe e o ventrículo desce, que é o contrário do que estava antes. A rotação final são 270 graus, em que o coração roda no seu próprio eixo.

O coração só não entra em contato com o intestino porque o fígado está subindo do intestino e o encontro do coração com o fígado gera o que nós chamamos de diafragma. O diafragma é uma estrutura muito importante, porque é uma musculatura que recebe inervação tanto do sistema nervoso consciente como do inconsciente, como o coração.

O grande segredo do budismo e de todo o caminho de mudança de consciência, é pelo diafragma, porque o diafragma, pelo tipo de respiração, ele permite você estar acordado em contato com o seu mundo visceral, do primeiro cérebro, que é o cérebro primitivo, desse intestino mais endodérmico, assim, do tecido endodérmico. Então o caminho dos répteis é o caminho da descida, do céu para a terra. É o caminho de formação desse intestino primitivo, dos rins para baixo, até chegar no rim final.  

As aves mantêm os ovos dos dinossauros, mantêm a homeotermia dos dinossauros, mantêm a cloaca dos dinossauros, só que o ar, nas aves, penetra dentro dos ossos. E todos os ossos das aves têm espaços aéreos, por isso, que elas conseguem cantar tão alto. 

A sustentável leveza do ser, as aves, que são opostas aos répteis.

Depois nascem os seres que sugam leite. A orinitorrinca, suas glândulas de suor na barriga sofrem uma metamorfose para produzir o alimento, então surge a ocitocina que cria essa ejeção de leite. A ornitorrinca deita e o leite sai na barriga, os filhotes lambem a barriga dela, então vai começando haver a formação de um processo da formação do leite e de uma bolsa, que acontece com os cangurus.

O período fetal todo acontece dentro dessa bolsa e o período embrionário, dentro do útero. Existe a longa escalada que o embrião, ele sai da vagina da cangurua, escala sem enxergar nada, entra dentro da bolsa, funde a boca com o mamilo, formando um segundo cordão umbilical de leite 24 horas. Assim que nutre o feto do canguru, ou seja, o sangue se transforma em leite. São esses seres que têm essa bolsa. Então mamíferos podem ser definidos como lactentes que sentem.

Então começam a se formar umas estruturas interessantes, como a (glândula) pineal. Resumindo, o ser humano tem o cérebro central igual ao dos répteis, ligado à vontade e a serotonina, um cérebro intermediário, quer dizer o mais inferior é o arquipalio, o cérebro intermediário que é paleopalio, que é o sistema límbico do mamífero e o pensamento dos primatas.

O que tem em nosso cérebro diferente dos primatas? Só o lobo pré-frontal, que é uma área que a gente ganha em compensação ao olfato. A gente troca o olfato por inteligência e capacidade de percepção do tempo. Então numa psicossomática, pela neurociência, a vontade está ligada ao cérebro reptiliano, o sentimento ao cérebro mamífero e o pensamento ao córtex. Essas três grandes áreas da psiquê distribuídas nos mamíferos, vemos que os roedores são muito acordados, muito inteligentes, os ruminantes, são basicamente intestinos e estômago, o nível de consciência é mais baixo. Eles são sagrados na Índia porque eles representam o estado meditativo de ruminação, só que acordado no caso do ser humano. Os carnívoros equilibram entre os três.

Ao olharmos a dentição dos carnívoros, dos roedores e dos ruminantes encontramos a dentição humana em equilíbrio, porque os três são especializações, como se o roedor fosse um mamífero ectodérmico, o ruminante um mamífero endodérmico e o carnívoro o equilíbrio.

Então nessa imagem acima vemos o ser humano, nesse equilíbrio evolutivo, só que com umas características peculiares.

Se a gente compara o braço ou a perna de um cavalo ou de uma vaca com o ser humano, existe uma inversão de proporções. Não sei se vocês já perceberam isso, mas o úmero ou o fêmur de um cavalo é pequenininho e a mão do cavalo tem um metro de altura, sendo que a unha do cavalo é o casco do cavalo. No caso do ser humano é o contrário, o grande é o órgão, a estrutura mais próxima do corpo e vai diminuindo. Outra coisa importante, todos os pés e mãos de mamíferos começam com cinco dedos e na evolução eles vão se diferenciando e ficando um ou dois ou três ou quatro dedos ou até cinco, mas em geral, essa aqui é a evolução do cavalo. O ancestral tinha cinco dedos, depois passou para quatro, para três e para um. Hoje o feto do cavalo tem cinco dedos, mas à medida que ele vai se desenvolvendo na vida fetal ele perde e vai ficando com um dedo só.

E a grande pergunta para ficar aqui para o pensamento: se nós fossemos, como seres humanos, simplesmente uma evolução dos grandes macacos, nós seríamos a evolução do chimpanzé, que é esse da fotografia. Agora observem o que acontece com o chimpanzé se invertermos o tempo: um chimpanzé adulto e um chimpanzé jovem, criança. Qual dos dois se parece mais com um ser humano? Ao longo da evolução dos hominídeos houve o que é chamado gracilização da face. Uma redução da face, junto com uma redução de pelos, redução de olfato, os sentidos retrocederam e o crânio aumentou.

E o que está mostrando na linha de baixo é que as crianças de uma época do desenvolvimento dos hominídeos, por exemplo, a criança do homo-petencantrofe ela tem um crânio semelhante ao que milhões de anos depois se desenvolveu como homo-africans. A criança homo-africans ela tem a cabeça parecida com o adulto neandertal. A criança neandertal parece com o crânio do homo sapiens e o nosso bebê homo sapiens tem a ver com o crânio do futuro. Então, pode-se dizer que está havendo uma infantilização ou chamada gracilização. Está acontecendo nesse momento agora uma metamorfose evolutiva. Um exemplo maravilhoso disso é na dentição, os caninos estão reduzindo e isso é um sinal de humanidade. Tem até uma tribo na África que na adolescência, o adolescente, quer dizer, ser humano quando vai virar adulto eles limam, assim do ponto de vista cultural, o canino, porque essa é a grande diferença entre a arcada dentária humana e a dos macacos. Os caninos têm a ver com agressividade e vai reduzindo.

Nessas imagens visualizamos o rosto de um ser humano, para a gente finalizarmos com a persona, a formação da personalidade, a máscara. A mandíbula já está unida, a maxila ainda está separada, agora está vindo o nariz, as duas narinas são essas coisinhas pretas, os olhos e a gente vai fechando a nossa face, para formar uma criança.

Resumindo: Quais são as três características humanas? A primeira é o rejuvenescimento da cabeça nos hominídeos, a gracilização da face, que é uma característica de neotenia, de rejuvenescimento.  Existe também uma questão de criação de uma homeotermia, mais forte que depende da anastomose entre artéria e veia, que é muito forte no ser humano, mais que nos animais, com exceção do pé do pinguim que é o caso mais extremo de homeotermia no planeta terra. A inversão na proporção dos membros. Então essas são as características corporais.

Quando nós nascemos, em doze meses todo esse maravilhoso caminho evolutivo é recapitulado: dos peixes, anfíbios, répteis, mamíferos, primatas até chegar no homo erectus com doze meses, porque a gente engatinha como réptil com sete meses, engatinha como mamífero com oito meses, fica de cócoras aos onze. Ao longo dos primeiros mil dias de vida, dois a três anos de vida, a gente vai recapitular todo o desenvolvimento dos hominídeos. O homo erectus com um ano, o homo habilis entre um e dois anos e no momento que a gente começa a se chamar de eu, homo sapiens, ao redor de dois anos de idade. Então nesses primeiros mil dias de vida você constrói a base de toda a vida, a capacidade de andar ereto, a fala complexa e a capacidade da autoconsciência. O primeiro gesto é com dois/três anos quando a gente se chama de eu, algo que nunca nenhuma mãe, nenhum pai ensinou para uma criança que ela pode se chamar de Gabriela, nunca ninguém vai falar isso. O Eu é uma aquisição de uma autopercepção.

Então lembrar que nós somos repteis, nós somos mamíferos que sentem, nós somos primatas primitivos – lêmures, bem acordadões, com insônia. Tudo isso junto vai dar o desenvolvimento humano da inteligência motora e comportamental dos primeiros sete anos de vida, que é bem parassimpático, a inteligência emocional na segunda infância, que é bem dos mamíferos e a inteligência cognitiva dos hominídeos até chegar aos 21 anos.