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Série 40 Lições – Aula 07

Teoria Base do Campo Semântico Profa. Nathália Perin

TEORIA BASE DO CAMPO SEMÂNTICO

Nathália Perin
07.12.202

A aula anterior, com o Prof. José Pissolato Filho trouxe um panorama amplo de uma série de pesquisas realizadas sobre Campos de Informação. Nesta aula, vamos adentrar na temática do Campo Semântico de Meneghetti. Buscaremos compreender como ele estrutura sua descoberta.

O Campo Semântico foi a primeira descoberta de Meneghetti, verificando a sua existência durante os atendimentos clínicos. Então, nesse momento da clínica que ele impacta com essa realidade e passa a investigar mais a fundo. Durante as sessões que realizava, verificava que existiam uma série de impactos que eram sentidos no próprio corpo, desde reações biológicas até distrações e imagens que apareciam em sua mente, tudo isso enquanto o paciente relatava algo. Investigando essas imagens, verificou que realmente faziam sentido, tinham uma lógica quando perguntava, devolvia o que via ao paciente.

Então foi a partir dessa evidência que depois ele formaliza essa descoberta. No Manual de Ontopsicologia mas também nos demais textos, Meneghetti deixa bem claro que o Campo Semântico não é a única forma de comunicação inconsciente que existe. Então temos também a fisionômica, a cinésica, a proxêmica e a própria linguagem que às vezes pode ter uma dose maior de intensidade ou menor. Todos esses são canais de comunicação que transmitem o mundo inconsciente e podem ser utilizados na Ontopsicologia. Inclusive, Meneghetti afirma que se homem fosse capaz de entender bem essas linguagens como a fisionômica, cinésica e proxêmica, seria capaz de compreender a mesma mensagem passada no Campo Semântico. Isso porque o inconsciente se expressa em mais de uma forma e todas elas são formas de expressão válidas, consistentes.

Para aprofundar nessa temática, Meneghetti cita e referencia uma série de autores: Aristóteles que fala sobre a Fisionômica; Existe também um livro denominado “Seeing the Face, Seeing the Soul“, Polemon’s Physiognomy from Classical Antiquity to Medieval Islam, que é uma coletânea de vários autores que falam sobre as linguagens corporais; outros como Alexander Lowen; temos Edward Hall, arquiteto; Lavater com diversos livros de comunicação corporal. Outros autores como Girolamo Cardano, Charles Le Brun… são textos que vocês podem se aprofundar.

Conceito de Campo Semântico

Para podermos compreender bem o Campo Semântico, precisamos levar em consideração o conceito de cosmos, onde tudo que existe no universo é formado tanto por matéria quanto por energia. Essa informação se organiza segundo uma harmonia, então os grandes movimentos da natureza, do ecossistema, os pássaros que migram para o sul, os animais que encontram a água em ambientes diversos, o leão e a gazela, etc. Tudo se trata de uma organização entre a matéria e energia. Então o Campo Semântico é o primeiro mundo da energia e da informação de um determinado universo, seja ele macroscópico ou microscópico, desde as células do nosso corpo. Mesmo no micro, nas células existe uma comunicação, o mundo da energia se organiza segundo um determinado campo.

Compreendendo bem esse conceito, conseguimos visualizar que a matéria é sempre efeito e consequência de uma presidente dinâmica. O mundo semântico se trata de um mundo puro da causalidade. Tudo isso ainda é fenomenologia, porque ele não é uma causalidade pura do ser que é imensurável, então ele é fenomenologia ainda, apesar de ser invisível.

É importante estarmos ciente de que quando o homem entende os sinais do Campo Semântico, ele passa a conhecer melhor a própria vida. Passa a possuir uma espécie de onisciência, no sentido de que é possível entender e compreender tudo aquilo que o impacta, tudo que o diz respeito, mesmo que aquela coisa ainda não seja visível, não seja materializada.

A palavra Campo é utilizada a partir de um contexto hipotético, também é definido pelas três coordenadas de espaço, tempo e individuações que são os sujeitos envolvidos naquele campo. Então é entendido como a relação no meio de dois pontos forças ou mais. Trata-se de um vetor dominante que vai constelar, variar e estruturar a partir de um pulso.

Dizemos em Ontopsicologia que quando um determinado campo impacta algo ou alguém, existe uma polarização. Tira da indiferença, toca de alguma forma.

A palavra Semântico é utilizada pela sua capacidade de fazer signo, significância. Sendo assim, é um impulso que, enquanto se move, cria uma forma no receptor.

Esse fenômeno, conforme descreve Meneghetti, pode agir antes mesmo do inconsciente, das reações organísmicas e das reações corporais. Tudo isso já é o depois, já faz parte do ato cognitivo, da consciência. O vetor do campo, é anterior, primeiro acontece a vetorialidade da ação, logo depois o Campo Semântico com as variações psicossomáticas e as percepções.

Todas essas percepções que chegam na nossa consciência, na maioria das vezes são vistas como parapsíquicas ou fora do normal, mas é uma normal comunicação da vida. Nós perdemos essa comunicação, mas ela é uma comunicação que deveria ser normal para nós seres humanos.

Meneghetti (2010) define o Campo Semântico como: “a comunicação base que a natureza usa entre as individuações. Um transdutor informático sem deslocamento de energia.” Esse ponto é importante, não existe o deslocamento de energia, o que é deslocado é uma informação, já vamos aprofundar nesse ponto.

Meneghetti também explica que o Campo Semântico permite conhecer a dinâmica que uma realidade está operando, então ele transmite uma informação, uma imagem, um código que quando chega num determinado sujeito se estrutura em emoção e gera uma variável psicoemotiva orgânica.

Quando a informação transmitida chega ao receptor, o modo do receptor muda e vai se formalizar em consequência à informação sofrida, a informação recebida.

Exemplos do fenômeno do Campo Semântico

Temos um exemplo muito básico que o autor utiliza para explicar esse fenômeno que é o ambiente do teatro. Imagine um teatro, quando vamos assistir uma apresentação de uma orquestra, com uma plateia enorme de 2, 3 mil pessoas e depois que termina a música os aplausos sempre começam de uma, duas ou três pessoas, uma na frente, uma de um lado e outra de outro. Logo depois do primeiro “Bravo”, todos os outros se levantam e gera um conjunto de reações de aplausos.

Também uma guerra. A guerra começa com uma informação, que vai passando entre os políticos, os soldados, o presidente, depois vai para o jornal,depois se espalha entre a população até chegar a bomba. Aquela informação começou na realidade com uma ou duas pessoas, é um modo da energia que foi transmitido. Por que não transmite energia? Pode parecer energia, mas não é.

Exemplo, se uma pessoa tem raiva, essa raiva varia de um até dez, mas a informação dessa raiva pode passar pelo campo para uma pessoa B, uma pessoa C, D e depois essa pessoa vai influenciar uma outra pessoa X, Y e Z e vai acontecendo uma reação em cadeia de raiva, que no final pode resultar em uma bomba. Mas a energia final ou de todas as pessoas envolvidas, não é a mesma energia do sujeito A, que começou com a informação.

Uma pessoa pode dar um tapa ou um beijo a energia é a mesma, o que muda é o modo como as energias organizam, o modo como a informação se formaliza.

Como funciona a transmissão do Campo Semântico

Então, o Campo Semântico é sempre conduzido pelo inconsciente, jamais pela razão. Esse ponto é muito importante e explica porque muitos experimentos de campo não funcionam. Eventualmente se usa somente a razão e a razão sozinha não produz Campo Semântico. Então a informação do campo é dada pelo inconsciente. Por inconsciente, lembrando do gráfico que vimos na aula 3, por inconsciente se entende toda a zona do superego, do monitor de deflexão, dos complexos, além da zona mais profunda e intensa do Em si ôntico.

Então, partindo desse princípio de que é transmitido pelo inconsciente, concluímos também que a capacidade de intensidade entre as instâncias será diferente: o máximo de comunicação se tem por parte do Em si, porque como vimos, é uma espécie de funil e o Em si ôntico é maior, depois temos o complexo e por fim o superego que produz menos semântica, geralmente uma semântica estável, fixa.

O Campo Semântico é sempre conduzido pelo inconsciente, mas com a percepção adequada, é possível compreender essa intencionalidade que o outro está emanando e tornar ela consciente.

A razão sozinha não produz o campo, só será possível produzir se existir uma aliança ou com o superego ou com os complexos ou então com o Em si ôntico. Essa informação emanada é produzida pelo nosso inconsciente e tem uma intenção única ao externo. O receptor conscientiza ou não, sendo que a informação pode se manifestar de diversas formas: pode ser sofrida psicossomaticamente, fazendo com que o receptor sofra os resultados daquela informação; pode ser descarregada em um sonho, em uma fantasia, um pensamento livre, uma distração, uma sensação, uma memória.

A Relação Sujeito e Objeto

O ser humano pode ser sujeito ou objeto da informação que ele recebe. Entendam que nós, seres vivos, estamos constantemente informando e sendo informado, continuamente metabolizamos informações. Tudo é uma relação entre Sujeito e Objeto. Por isso é tão importante manter o centro e procurar perceber as informações que nos chegam, que impactam o nosso corpo vivo e aprender a diferenciar elas. Quando isso ocorre, nós deixamos de ser objetos daquela informação que nos chega por meio da imagem.

Por que imagem? Porque toda a energia é comunicada por meio de uma forma e a imagem é a forma como essa energia está se manifestando.

Se o campo evidencia, informa a energia predominante de uma determinada relação, a imagem é o sinal que vai ativa o modo da energia no receptor. Se manifesta quando uma determinada realidade se presencia e se impacta. Então, eu estou fazendo uma determinada ação e aquela realidade me impacta de diferentes formas, de diferentes modos.

Lembrando novamente que o Campo Semântico é vivenciado como uma surpresa, como uma distração, como uma novidade, alguma coisa assim: “nossa, não sei porque surgiu isso”. Esse pensamento as vezes fora de contexto, está evidenciando uma realidade que já está acontecendo, já está me tirando do meu status quo

Como identificar quando somos objeto do Campo Semântico?

Somos objeto somente se somos passivos, abertos ou disponíveis àquela informação recebida. É necessário compreender que todos nós estamos imersos em uma energia invisível, viva, semovente. Nessa interação viva ou somos pegos ou pegamos, ou avançamos ou regredimos, isso constantemente em nossa vida.

Tudo do meu universo vai me influenciar de alguma maneira e esse campo é uma realidade da natureza. A minha consciência, o meu eu lógico-histórico, por vezes não vê, porque possui informações estereotipadas. É como se dissesse: “ah, mas essa pessoa é minha amiga, eu confio nesta pessoa”, “essa pessoa é minha mãe, ela me ama”, “é o meu filho”, “é meu marido”…

Estamos acostumados a utilizar uma consciência sistêmica, porém a natureza em si não utiliza essa lógica sistêmica. Essa lógica da natureza nós não fomos educados a perceber. A lógica da natureza quando existe o impacto é simples: essa pessoa é boa para mim ou me faz mal? A lógica da natureza é como a lógica do estômago, ele não mente: se a comida não está boa, está estragada, não importa quem foi que deu a comida, não serve, você passa mal, o estômago rejeita. Não vou me nutrir daquele alimento só para agradar Fulano, porque me faz mal.

Meneghetti explica que temos que desenvolver uma espécie de percepção de passarinho. Vocês já pararam para observar os passarinhos? Enquanto eles estão lá ciscando, comendo, estão sempre olhando, sempre atentos ao redor, porque a qualquer momento pode chegar alguma coisa que não é boa. Então essa é a lógica, se você entra com uma semântica diferente o passarinho sente e voa, mas se em um dia você está calmo, você vê que o passarinhos vem até sua janela, eventualmente o passarinho até entra na sua casa, é muito interessante.

A lógica da natureza é muito simples.

O nosso órgão não tem consciência, ele é muito exato, não tem memória, então, o Campo Semântico daquela relação vai me aumentar? Aumentar minha vitalidade? Vai diminuir? Veja que o ponto de referência do que é positivo ou negativo, é sempre com relação a mim, sujeito, naquele momento, naquele contexto. Não é eterno, não está cravado na pedra, é fluído.

O instrumento de medida é sempre o homem, nunca é externo. Em Ontopsicologia o instrumento de medida é o homem e o campo semântico se dá por uma constante metabolização, é vivo, é biológico, muito concreto. A semântica pode ser vista no momento, mas às vezes ela pode ser vista uma semana antes, um ano antes, dois anos antes. Se você a percebe, seja em sonho, seja em fantasia, como quer que seja, existe a possibilidade de mudar; de modo contrário você vai sofrer as consequências, você pode sofrer um acidente de carro, você pode ser demitido, pode ser roubado, vai perder um negócio importante, algum negócio que só depende da sua assinatura você esquece… Diversas circunstâncias que vão acabar interferindo no seu caminho.

É como aqueles dias que acordamos com o pé esquerdo, esses ditados populares eles não são por acaso, existe uma plano de fundo verdadeiro, que é justamente um Campo Semântico, se formos analisar com base nessa teoria. Ou seja, um Campo Semântico pode me fazer muito bem ou pode me fazer muito mal e quando faz mal ferra tudo, por isso é importante estarmos em constante vigia, “isso é meu”, “isso é do outro”, “isso me faz bem” e “isso me faz mal”.

Como se manifesta o Campo Semântico e como Neutralizar

Para Meneghetti o Campo Semântico sempre tem um destinatário, um receptor e um mandante que é o remetente. Ele pode eventualmente até utilizar outras pessoas como carteiros e pode se manifestar a qualquer distância, não importa se a pessoa está do meu lado ou se ela está em outro país ou se está dentro de uma gaiola de Faraday. Nas próximas lives vamos falar sobre esse experimento que fizemos com a gaiola de Faraday. A pessoa pode estar blindada, pode estar em outro planeta, outro país … qualquer distância, por telefone, por carta, por objeto, presente, animal, planta, roupa, tudo vai manifestar o Campo.

Tem o exemplo clássico do brechó, quando pegamos a roupa de outra pessoa, é possível sentir a realidade daquela pessoa. Alguns dizem que é uma energia diferente, mas não, é apenas uma informação de campo do usuário daquele objeto.

O receptor do Campo Semântico geralmente tem dois tipos de disponibilidade. Então o sujeito só vai receber aquele campo se tiver uma certa disponibilidade, abertura, indiferença: ou existe uma tipologia complexual similar/complementar, ou uma dependência afetiva, uma abertura dependente e disponível ao transmissor.

O contato semântico existe não devido ao emitente, não é culpa de quem está enviando aquele sinal, mas é de quem recebe. É quem recebe que dá abertura, que é o responsável por permitir que aquele campo semântico se aloje, se manifeste.

Para neutralizar é preciso existir uma distância psicológica, uma certa neutralidade: essa pessoa para mim é neutra, nem bom nem mau, chamo ela pelo nome, não pelo o que ela representa para mim. Porque no bem ou no mal existe de toda forma uma abertura energética, então, é necessário uma certa neutralidade. Se não é possível essa neutralidade, devido a uma história que você tem com a outra pessoa ou devido a um certo vício de relação que você tem com aquela pessoa, muitas vezes é recomendado que você se distancie fisicamente por um tempo, apenas para você identificar o que é seu e o que é do outro. Muitas vezes um negócio não cresce, uma pessoa pode não ganhar dinheiro, a pessoa não evolui, não conquista a independência e a autonomia por conta de um Campo Semântico estabilizado.

Na classificação, existe ainda o Campo Semântico positivo e negativo. Meneghetti denomina de homogêneo (positivo) e heterogêneo (negativo). Sendo que a positividade e a negatividade é determinada com o ser ou não funcional para aquele receptor.

Os quatro tipos de Campo Semântico

1. Campo Semântico Direto: Emissor e Receptor

No gráfico acima conseguimos visualizar o Eu, que Meneghetti denomina de Eu Lógico-histórico ou consciência, a linha que divide é o limite entre o consciente e o inconsciente. Percebam que o inconsciente é muito maior que a consciência. Temos também no inconsciente a zona dos complexos e a zona do Em si. O Campo Semântico são essas linhas que emanam de uma pessoa para outra, ele é sempre emanado do inconsciente para o consciente. No consciente podemos ver uma seta voltada para cima que é a representação gráfica do Eu lógico-histórico que faz uma determinada ação. 

Então, nós temos o emitente informante e o receptor executor. Aqui o primeiro gráfico mostra um Campo Semântico positivo. Ele é mais raro, mas existe. É emanado de Em si ôntico para Em si ôntico. Quando recebo aquele campo eu amplio a minha vitalidade. Podemos observar ele em inúmeras ocasiões: quando admiramos a obra de um artista, um quadro muito vital, belo, é como se aquele objeto emanasse uma informação vital, aquela semântica daquele quadro. Nesse caso eu sujeito e o quadro objeto. Outro exemplo é quando estamos num ambiente de natureza exuberante, muito puro. Quando impactamos uma pessoa de muito sucesso, que me inspira a ser mais.

Acontecia isso muito quando Meneghetti era vivo, existiam ocasiões que tínhamos a honra de nos aproximar dele e era muito interessante, porque ficávamos muito vitais. As vezes dava para se ver os efeitos no corpo, o cabelo brilhava, a pela brilhava, ficávamos mais centrados e plenos. Depois para manter aquele Campo Semântico positivo, é necessário uma coerência, para não perder toda aquela vitalidade. 

Quando você encontra um mestre ou quando você encontra uma pessoa muito grande você repara que fica acima da média e para manter aquilo é necessário uma série de ações que estejam coerentes com o seu Em si ôntico, senão você perde, a sua vitalidade vai diminuindo no passar do tempo.

Recebendo um Campo Semântico positivo é importante tentar mantê-lo, expandir também o nível de consciência para que ela seja na medida do possível, reflexo imediato da nossa positividade. Isso porque a positividade do outro, que refletiu em nós, também é uma possibilidade, uma virtualidade nossa.

Nós também somos capazes disso, justamente por isso que houve abertura entre um ser humano e o outro. Aquele semântico é recebido porque existe uma predisposição psicológica entre os dois e aquilo faz mais, me torna mais. 

O outro gráfico é um exemplo de Campo Semântico negativo, que é um pouquinho mais comum, infelizmente os seres humanos não vivem muito bem, ainda mais com uma série de questões sociais que nos fazem frustrar as nossas ações que seriam do nosso Em si ôntico, que são as ações mais vitais. Às vezes por um contexto social, de adequação social, de trabalho ou de sociedade, de relacionamento acabamos traindo o nosso núcleo do Em si ôntico, nossa alma, nosso espírito e isso nos diminui e alimenta uma série de complexos.

No Campo Semântico negativo, vocês podem ver quea informação não parte do Em si ôntico, ela parte do complexo e ativa o complexo do outro, o outro vai responder aquela informação negativa. Então, por exemplo: uma pessoa que tem um complexo de inferioridade, essa pessoa eventualmente pode emanar uma semântica que faça com que os outros o super protejam, gratifiquem, faça os mimos, sem que ele tenha feito alguma coisa para receber aquela atenção toda. Ou então, essa mesma pessoa pode emanar uma informação de que o agridam. Então, eventualmente você pode até mesmo agredir, verbalmente ou fisicamente, depois você será moralmente julgado, mas aquela informação veio de você ou veio do outro? 

Tem o famoso caso do gordinho na escola, temos duas escolas diferentes e dois gordinhos. Um deles apanha e o outro, na outra escola é o popular que todos querem estar perto. Qual a diferença entre a semântica de um e de outro? Quem ocupa o papel de vitma está emanando uma informação ou não? E o outro, que é o popular, qual informação emana? São crianças e respondem ao campo sem pensar. Vemos isso muito claramente, para quem estuda é muito evidente. Não é uma questão somente social. Por mais que exista todo um movimento de educação, as crianças são muito espontâneas, elas não têm muita moral.

Por mais que exista todo movimento de educação, “não faça bullying”, “não faça aquilo”… acaba acontecendo, por quê? Porque existe uma predisposição daquele sujeito de atrair aquele tipo de situação para ele. Então Meneghetti sempre fala, se alguma coisa acontece na vida de vocês que vocês não gostam, não estão de acordo, primeiro investiguem a vocês mesmos, a si mesmo. Primeiro procure essa coisa em você, o que você está informando? O que você está atraindo? A culpa nunca é do outro.

2. Campo Semântico em terceiro: emitente, mediador e receptor executor

O outro tipo é o Campo Semântico em Terceiro. Ele é mediado com uma terceira pessoa então tem um emitente, um receptor mediador e um receptor executor. Temos aqui um exemplo ilustrado no Manual de Ontopsicologia (2010), a fonte das imagens que eu estou utilizando. 

O Emitente Informante (E.I) emite uma informação, é sempre inconsciente. Temos um Receptor Mediador (R.M) que vai mediar essa informação e que funcionará como um carteiro ao Receptor Executor (R.E), que é quem executa aquela informação.

Um exemplo, você está conversando com um amigo que está lhe trazendo uma novidade qualquer que alguém contou para ele. Você não perguntou ou pediu que ele lhe trouxesse essa informação, mas ele trouxe. Quando ele lhe conta, você fica com raiva, você fica mal humorado, não sabe o motivo, começa a ficar rabugento e pode agredir aquele amigo verbalmente. A novidade era normal, uma notícia qualquer, mas a descarga emotiva que você teve foi muito forte. Quem foi o verdadeiro emitente informante daquela novidade? Porque ele mesmo não falou para você? Por que ele usou um terceiro para te trazer a notícia? Como essa notícia chega em você? Como ela te impacta? Ela chega como uma agressão.

Este tipo de Campo Semântico é muito comum. Então é muito importante, quando falamos com alguém, procurar observer se tem alguém por trás daquela pessoa. Será que é ela mesmo que está querendo me passar determinado recado ou é um terceiro? Mesmo que inconsciente, as pessoas passam informações.

3. Campo Semântico em Efeito Trigger: efeito póstumo no receptor dependente

O Campo Semântico em Efeito Trigger não possui gráfico no Manual de Ontopsicologia. Ele tem um efeito póstumo no receptor dependente, vai depender de um certo tempo para se manifestar. Muito comum nas relações familiares ou empresariais.

Um exemplo que Meneghetti cita no Manual: existe um homem, empresário de sucesso, pai de família e construiu um grande legado. A sua esposa no entanto, não trabalhou, não construiu nada para sim e ficou muito frustrada sem ter um sentido para sua vida. Porém, depositou toda a sua vitalidade, toda sua força e energia na criação e educação dos filhos. Essa é a estrutura familiar. Quando um dos filhos cresce e vai suceder o negócio do pai, então vai passar a administrar os negócios da família, esse filho leva a empresa a falência. Nesse exemplo, pode-se verificar que a informação de frustração da mãe e a vontade de vingança inconsciente se aloja no filho. O filho, quando tem as condições, executa aquela informação de agressão ao marido, porque o marido não permitiu que ela se desenvolvesse ou não apoiou.

Vejam que o filho é o agressor, mas ele age assim porque é dependente psicologicamente da mãe. Então não é uma pessoa qualquer, é uma pessoa que tem essa ligação afetiva. Exatamente como acontece em nível biológico, quando você recebe um vírus ou uma bactéria e aquele vírus fica incubado por um tempo e só manifesta depois de um tempo, quando organismo está fraco. Podemos observar em famílias com filhos adotivos, famílias com determinado tipo de doença, você tem um avô que faleceu de uma doença X e depois você tem o neto, que eventualmente pode ser até adotivo, que vem a falecer da mesma doença.

4. Campo Semântico em Efeito Rede

O próximo é o Campo Semântico em efeito rede. Ele acontece geralmente em grupos como: colegas de trabalho, família, torcedores, partido político, escola, etc. Então é muito comum e faz parte do dia a dia. O Campo Semântico em efeito rede vai começar com uma pessoa, essa pessoa influencia outras e seleciona uma rede precisa, um contexto social. Então, você pode ter o Campo Semântico em rede num hospital, numa empresa, numa cidade, numa escola, na faculdade, em qualquer contexto operativo e em qualquer local.

Ao analisar os efeitos dele, vemos as pessoas fazendo coisas absurdas. Tem o exemplo clássico do campo de futebol. Se você está no meio de uma torcida, não importa se é o Aristóteles que está lá, por exemplo. Está no meio daquela torcida acaba tendo um comportamento inadequado, sem explicação, simplesmente reage de uma forma que não sabe explicar. Quando você vai num show de rock e se vê fazendo coisas absurdas, que jamais faria e naquele contexto acaba fazendo.

Uma epidemia, um contágio, um contágio biológico, basta refletirmos um pouco, tudo na natureza é com base no campo. Geralmente é contagiado quem tem medo do contágio, porque o medo ele dá uma abertura semântica, uma predisposição semântica. Então, se você recebe uma overdose de informação de morte e aquela informação te contamina, você fica com aquilo, aquela informação prevalece sobre você, te organiza daquele jeito, se insemina dentro de você.

Antigamente diziam que a herpes se pegava olhando, muitas pessoas falavam que você pode beijar uma pessoa com herpes, fazer sexo com uma pessoa com herpes e não pegar herpes, mas se você olha com uma certa curiosidade você pega. O Campo Semântico em rede se dá com muitas pessoas, por isso eu utilizei o exemplo da epidemia. Tem também o exemplo da guerra, geralmente é uma informação que vai se alojando entre as pessoas e as pessoas vão respondendo àquela informação, pode ser uma histeria coletiva que começa com uma informação, um modo de informação de uma pessoa ou de um partido, de um político que tem uma determinada direção.

Um exemplo bem ingênuo de efeito rede, Meneghetti faz esse desenho para indicar que você tem vários pontos dentro de uma determinada estrutura, aparentemente você não consegue identificar, muito dificilmente você vai conseguir identificar de onde que nasce a primeira informação que vai construindo essa rede, mas existe uma característica complexual ou uma característica inconsciente que é comum a todos dentro desse grupo e depois um dos indivíduos expressa, que é esse que está desenhado com maior detalhe, ou seja, um dos indivíduos expressa aquela dinâmica daquele grupo.

Temos também o exemplo uma sala de aula, onde de repente um tema é um tema que desagrada, um tema que mexe com algumas pessoas. Isso acontece porque toca elemento de remoção de inconsciente que é comum a muitas pessoas. Então, nesse caso, se eu tiver essas pecinhas, elas vão se movendo, por exemplo, as pessoas vão ficando com sono e de repente alguém cai da cadeira, ele adormece na sala de aula todo mundo ri, interrompe-se a dinâmica para evitar que aquele assunto seja tratado.

Os três modos do Campos Semântico

Sobre os três modos do Campo Semântico, representam como ocorre a ressonância da informação semântica, como ela aparece, como ela se manifesta. Pode ser:

1. Biológico ou Emocional. Eu vou perceber ele com uma relação biológica e emotiva, por exemplo, eu entro em contato com determinada pessoa e tenho água na boca ou frio na barriga ou a boca seca ou dor de cabeça ou começa a suar e fico vermelho, é uma manifestação biológica.

2. Psicológico ou Informativo esse modo de ressonância, vai ser uma informação psíquica, vai se relacionar com uma informação de intencionalidade de mente. Por exemplo, de repente aparece a lembrança de alguém, em seguida aquela pessoa liga, aparece ou encontro aquela pessoa. Também uma vontade, uma consciência, “eu não tinha essa vontade, agora tenho”, “eu não estava pensando nisso, agora de repente eu estou pensando nisso”, “surgiu essa vontade, surgiu esse pensamento”.

Esses dias eu estava voltando na estrada e do nada eu lembrei de um cavalo branco, pensamento do nada e então, eu comentei “Nossa como cavalos branco são bonitos, é muito raro de encontrar, geralmente tem uns pinguinhos cinzas…” e daqui a pouco mais à frente tinha uma escultura, muito feia, de um cavalo. A escultura de um cavalo branco e o nome da fazenda que era “cavalo branco”, onde se vendiam cavalos brancos. Foi engraçado porque no mesmo momento eu lembrei de uma pessoa e a pessoa ligou, estava tentando entrar em contato, mas é só para explicar como se manifesta o CS psicológico ou informativo, do nada surge um pensamento sem conexão na nossa mente e diz respeito aquela situação, aquela zona que nos impacta.

3. Campo Semântico Intelectivo é a capacidade de conhecimento apesar de qualquer distância, então, esse Campo intelectivo é um modo de ressonância que vai ultrapassar as dimensões de espaço e de tempo. Ele se obtém de uma forma de conhecimento em uníssono com as leis do universo, muitas vezes ele é vivido como pensamentos premonitórios ou intuições, exemplo é a Arca de Noé, onde Noé conversa com Deus e foi divinamente instruído acerca dos acontecimentos que ainda não se viam, eram premonitório ou então, quando se faz uma viagem, você entra em algum templo, em um espaço antigo, embora te digam que determinado espaço é para uma determinada coisa, aquele espaço te impacta de forma diferente.

Um outro exemplo pessoal, fui em um Resort em Porto de Galinhas a turismo porém me sentia triste, não conseguia ficar bem naquele local. O resort era completo, piscina, sauna, praia, banda tocando, comida boa, comida fresca e eu muito triste sem compreender. Durante a noite sonho que estou em um Safari na África. Pensei ao acordar, “o que tinha aqui neste lugar?”. Fui investigar e descobri que aquele resort era uma casa com muitos negros escravos, era uma senzala. Os negros apanhavam ali, sofriam ali, vi que haviam inclusive marcas nas árvores do local. Então, aquela informação prevalece. Apesar do espaço hoje ter uma outra função, aquela informação está prevalecendo. Justamente em Porto de Galinhas, os escravos do tráfico negreiro chegavam nas embarcações aprisionados. Então é importante que a gente não considere como coincidência quando essas informações surgem, quando algo nos impacta, algo nos varia.

As variações deveriam ser normais, por natureza: algo nos impacta, percebemos em seguida. Nós deveríamos inclusive ser educados para isso, só que não somos, a nossa cultura nos ensinou a atrofiar essas informações, elas são vistas como místicas, quem vê é médium etc. Bom, deveria ser normal e natural. Então, temos que aprender a educar novamente a nossa consciência a ver o que o nosso corpo sente. Quanto mais nós educamos, quanto mais nós não consideramos essas percepções meras coincidências, mais nós sentimos e mais nos abrimos para compreender as informações que nos tocam e que nos variam.