TEORIA DO CONHECIMENTO
Erico Azevedo
02.11.2020
Nessa aula, sobre teoria do conhecimento vamos falar sobre os aspectos filosóficos da teoria do conhecimento e a filosofia da ciência.
Abre-se um panorama que permite compreender melhor o estado em que se encontram as nossas ciências e como a Ontopsicologia se coordena, se propõe dentro do quadro das ciências. Ou seja, qual o papel da Ontopsicologia, qual a função e por que isso tudo é tão importante para nós.
Partimos dos grandes problemas da ciência, que são os problemas insolúveis, duros, “Hard Problems”.
20 BIG QUESTIONS
1 De que é feito o universo?
2 Como a vida começou?
3 Estamos sozinhos no universo?
4 O que nos torna humanos?
5 O que é consciência?
6 Por que sonhamos?
7 Por que as coisas existem ?
9 Onde colocamos todo o carbono?
10 Como obtemos mais energia do sol?
11 O que há de tão estranho nos números primos?
12 Como vencemos as bactérias?
13 Os computadores podem ficar cada vez mais rápidos?
14 Será que algum dia curaremos o câncer?
15 Quando posso ter um robô mordomo?
16 O que há no fundo do oceano?
17 O que há no fundo de um buraco negro?
18 Podemos viver para sempre?
19 Como resolvemos o problema populacional?
20 É possível viajar no tempo?
Esses são alguns dos grandes questionamentos que os grandes filósofos fizeram acerca da ciência.
Mas existe a pergunta preliminar, a pergunta das perguntas, que se chama de “Problema Crítico do Conhecimento“:
Somos capazes de conhecer o real?
Se sim, em que medida?
Se não, é um limite superável?
Se sim, em que medida?
Essa pergunta nos autoriza a fazer todas as outras perguntas. Isso porque traz a dimensão do ser, a compreensão do ser que é o objeto do estudo. Quando eu compreendo o ser do objeto de estudo que pretendo me dedicar traz o nexo ontológico.
As diversas Teorias do Conhecimento procuram responder a tais perguntas.
Dentro da Ontopsicologia, a teoria do conhecimento (tema da aula de hoje) é um dos aspectos que abordamos. Essencialmente, nas 40 lições falaremos sobre os quatro aspectos da ontopsicologia:
1) Teoria do Conhecimento;
2) Psicoterapia de Autenticação;
3) Ontologia do Real;
4) Ética/Estética Existencial
Nesse quadro, “A escola de Atenas” vemos duas figuras centrais para o pensamento ocidental: do lado esquerdo, apontando para o céu Platão e do lado direito aristóteles segurando o TIMEO e com a mão apontando para a terra.
Nessa imagem tem o protótipo das grandes duas vertentes da Teoria do Conhecimento, na histórica da filosofia.
A visão platonica do universo é que o conhecimento é inato, temos ideias inatas, nossas idealidades que podemos acessar. Para Platão o corpo é o peso, aprisionamento da alma.
Aristóteles, em Timeo faz toda uma descrição da formação do universo, a constituição da matéria, as formas. Para Aristóteles o conhecimento está nas coisas, não nas ideias.
Então em síntese, temos:
Sujeito <- Objeto
Objetivismo Fisicalista (Aristóteles): O objeto possui determinadas propriedades reais, que nós conhecemos.
Sujeito ->Objeto
Subjetivismo Transcendental (Platão): O conhecimento é constituído no sujeito a partir de categorias ou operações inatas.
Sujeito <-> Objeto
Fenomenologia (Husserl): O que podemos afirmar é sobre o “como” do conhecimento (intencionalidade). Ter consciência de algo. O papel central da filosofia é dar a evidência, todas as ciências se fundamentam na evidência de um sujeito.
Sujeito <-> Objeto
Ontopsicologia: Entre Sujeito e Objeto dá-se uma interação viva, dinâmica, variável, chamada campo semântico, que causa variações recíprocas e consente um conhecimento reversível.
Como a teoria do conhecimento se relaciona com o método científico?
A ciência hoje é a positivista, aquilo que sou capaz de medir e demonstrar. O método da mensuração é o preferencial na ciência hoje.
Temos nisso o método Indutivo e Dedutivo aplicado na ciência, restando a intuição originária no mais completo anonimato.
“A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental” (1936).
Esse livro foi essencial nasce do fracasso da ideia da humanidade européia fundada estritamente na razão. Se a nossa ciência produziu esse tipo de humanidade, ela fracassou. O autor começa a se questionar do motivo desse fracasso, para retomar com a humanidade. Uma pergunta forte, pois não é uma crise apenas científica, é uma crise que abrange toda a humanidade.
Edmund Husserl (1859-1938): Fala sobre dois pré-conceitos chaves que se abateram sobre a ciência: 1. Uso dos resultados de outros em detrimento da intuição direta (o uso da autoridade dos resultados de outros tornava inquestionável a intuição direta – não é preciso negar os dados da experiência direta que você teve em nome de um passado, de uma autoridade do passado) ; 2. Ter-se tornado prisioneira dos fatos: matematização e simbolização (reducionismo positivista). Se não consigo medir é porque não existe. Um grande tabu na física, pois não é por que eu não consigo medir que aquela coisa não existe, isso é uma limitação na ciência.
Recompondo o percurso histórico que Husserl faz na Crise das Ciências:
Galileu Galilei (1564-1642): O universo é um livro escrito em linguagem matemática.
René Descartes (1596-1650): O psíquico ou meramente subjetivo como “resíduo” (dualismo). Cogito ergo sum.
George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776): Ceticismo reduz conceitos fundamentais a meras funções psicológicas. (psicologismo). Psicologia – tudo o que existe é uma redução psicológica.
Isaac Newton (1642-1727): “hypotheses non fingo”. Não finjo hipóteses, faço cálculos.
Immanuel Kant (1724-1804): Investigação consequente da subjetividade transcendental, mas assume que o modelo de Newton era o modelo definitivo de ciência.
Edmund Husserl (1859-1938) Pai da Fenomenologia – conceito do mundo-da-vida, Einfühlen, Leib Intersubjetividade.
Nós somos corpos vivos. Todos os nossos pensamentos dependem do nosso corpo vivo. O conceito de intersubjetividade, o fato de que as nossas vidas intencionais se compenetram, uma comunidade de vida. A noção da realidade é criada intersubjetivamente.
Estamos falando do ano de 1936 quando Husserl escreve ““A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental” (1936). Essa crise da qual ele falava ainda não era evidente nas ciências naturais, mas na Psicologia sim. As tentativas de adoção do método das ciências naturais geraram um forte mal estar.
Nas ciências naturais essa crise estava ainda começando. No ano de 1925 os autores Werner Heisenberg e Max Born e Pascual Jordan publicam os Fundamentos matemáticos da mecânica Quântica.
Esse é o período que começa o processo de demolição do edifício da física clássica de Newton e Einstein. É o início do mal estar do objetivismo fisicalista. A partir da publicação desse artigo as certezas do mundo físico começam a cair por terra.
A ideia “básica” de Heisenberg, que ele publica nesse artigo, é que, ao medir um sistema, nós o impactamos e, portanto, nós humanos somos co-criadores de nossa realidade.
Isso faz pensar a profundidade do campo semântico: somos co-criadores da nossa realidade.
Uma forma totalmente nova de ver as coisas para a física e uma quebra total de paradigma na física teórica. Porque a física era considerada exata, agora obrigada a se ver diante de um novo paradigma, baseado em estatística, probabilidade, coisas não tão concretas. As coisas são simultaneamente partícula e simultaneamente onda. Depende da perspectiva da medida. Isso é puda fenomenologia. A fenomenologia é como eu posso conhecer o real a partir das múltiplas fenomenologia.
No ano de 1927 temos o encontro de Solvey, reunião as mentes mais brilhantes da física.
A crise das ciências chegou então no mundo da física, das ciências exatas e também das ciências subjetivas.
Para superar a “Crise”, as ciências precisam recuperar o nexo com o “mundo-da-vida”, um mundo de intuições originárias, diretamente experimentável e sobre o qual as teorias são construídas.
A proposta de solução para a crise das ciências, a teoria do conhecimento de Meneghetti
Antonio Meneghetti “A tarefa da Ontopsicologia foi recuperar o nexo das ciências com o mundo-da-vida”
O conhecimento se dá por meio de experiências entropáticas (campo semântico). Lemos o real por meio de nossas variações, portanto, o corpo é o lugar da epistemologia.
1) O ser (ou real), como quer que seja, é ação e à toda ação é intrínseca a necessidade de uma forma: todo quântico energético tem um estado.
2)O homem não faz exceção a essa lei natural e, portanto, também ele é ação imerso na ação total, é uma unidade de ação
3)Deriva que o metabolismo inexorável do homem em situação ambiental é o seu ser dentro da ação total: somos inevitavelmente intus actionem (intuição), tenhamos ou não reflexão consciente desse fato-vida.
4)Algumas situações são mais pertinentes à identidade de uma dada unidade de ação, são prioritárias, tiram-na da indiferença, gerando ações e reações organísmicas.
5)A ação que age em mim (in me ago = imagem) se estabiliza em imagens, ou seja, as imagens estabilizam o metabolismo intuitivo contínuo de uma individuação no holístico dinâmico da vida, ou ambiente total e, por meio delas, é possível individuar as causas informantes daquela individuação em antecipação aos efeitos. Daí a enorme importância dos sonhos.
Os erros de consciência nos levam a estabelecer relações impróprias à nossa identidade, não são um erro do projeto da natureza, mas algo póstumo, que se estabiliza com a cultura e a educação fixadas. Faz-se necessário revisar criticamente a consciência segundo o critério organísmico, e isto é “autenticação”.
A consciência organísmica, baseada em nosso segundo cérebro, é livre dos vieses. Esse cérebro é também a base das imagens oníricas dos nossos sonhos, que indicam problema, circunstâncias e solução.
A Ontopsicologia propõe uma série de instrumentos para a revisão da consciência, sendo fundamental a “Psicoterapia de Autenticação”.
Tese do Dr. Erico Azevedo :
https://www.researchgate.net/publicat…
Com relação aos trechos que indicados para leitura:
Capítulo 1 – Aspectos Históricos, com ênfase na “Crise das Ciências”
Capítulo 2 – Apresentação da Ontopsicologia em seus aspectos de Teoria do Conhecimento, Psicoterapia de Autenticação, Ontologia do Real e Ética Existencial.
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