Ontopsicologia

Cérebro visceral

Cérebro visceral

Etimologia

Latim cervellum, diminutivo de cerebrum = cérebro.

Visceral vem do Latim viscera, que se refere às vísceras ou órgãos internos do corpo. O termo pode ainda ser decomposto nas seguintes partes constituintes: Latim vis = “força”; Grego ἔρως (eros) = refere-se ao sentido de amor, o lugar de onde surge a força; Grego ρεύς (reos) = “escorrer”, “fluir”; e Latim alea = “lançar”, “por para fora”.

Significado

O sentido etimológico das partes constituintes do termo implica a existência de um conjunto de instrumentos, os órgãos das vísceras, que operam como um verdadeiro cérebro. Ademais, desse “lugar” escorrem e são lançados a força e o amor de um sujeito. A vida se expressa, escorre por meio das vísceras. De fato, em sentido comum, “visceral” refere-se àquilo que está relacionado às forças internas do corpo, aos impulsos instintivos e emocionais que fluem e se manifestam a partir do interior do organismo.

Do ponto de vista descritivo e funcional, Meneghetti define sinteticamente o cérebro visceral como o complexo de ações e reações determinadas por sinapses neurônicas alojadas no aparato intestinal, o que nos leva à descrição do Sistema Nervoso Entérico (SNE).

O Sistema Nervoso Entérico

Em termos científicos modernos, muito tem sido falado acerca do Sistema Nervoso Entérico (SNE), uma rede complexa de neurônios que está presente no trato gastrointestinal, desde o esôfago até o reto. Esse cérebro é capaz de funcionar de forma independente do sistema nervoso central, controlando as funções digestivas, a motilidade intestinal, a secreção de fluidos e muitos outros processos relacionados à digestão e ao metabolismo.

Além disso, o sistema nervoso entérico também está envolvido na regulação das respostas imunológicas e na comunicação bidirecional com o sistema nervoso central, influenciando o estado emocional e o comportamento.

Além do quanto referido acima, Azevedo (2017) destaca que, do ponto de vista neuro-fisiológico, a Ontopsicologia evidenciou a participação do cérebro neurogastroentérico na formação do sonho. Enquanto o nosso cerebro central sofre a influência do feixe de estereotipos que antecipa a informação organísmica – o monitor de deflexão –, os neurônios convergentes no âmbito viscerotônico são íntegros e também eles especulares, exatamente como os neurônios cerebrais.

Para Meneghetti (2000), é indispensável conscientizar as sínteses informativas elaboradas pelo campo viscerotônico: esôfago, pulmões, estômago, cólon etc. A própria leitura dos campos semânticos torna-se perceptível a partir da colocação em relêvo daquilo que o cérebro neurogastroentérico elabora. Tal criterio é denominado “critério organísmico”:

Complexo de ações e reações determinadas pelo conjunto orgânico-corpóreo: em particular, cérebro visceral, sistema cardíaco e pulmonar, estômago e funções sexuais e eróticas. O critério organísmico é vetor da emocionalidade com ausência de interferências cerebrais, ideológicas. É a exclusão de qualquer imagem, síntese ou programa definido como memética. (MENEGHETTI, 2012, p.61)

Descrição neuro-fisiológica do cérebro visceral

As paredes gastro-intestinais, em dois extratos (plexo mientérico e plexo submucosal), são recobertas por neurônios específicos, os quais sintetizam e transmitem – através de músculos e mucosas – sinais que fornecem a posição organísmica do sujeito (perigo, segurança, erotismo, fome, vampirismo, graça, infecção etc.).

O sistema nervoso entérico (SNE) funciona como um circuito independente do sistema nervoso central (SNC), coligado por meio do nervo vago, o qual centraliza múltiplas aferências – porém, não de modo exclusivo – do aparato viscerotônico ao central cerebral. Neurotransmissores, proteínas específicas do cérebro e células como aquelas do sistema auto-imunológico, produção de benzodiapezinas e milhões de neurônios, superiores em número àquelas da medula espinhal, garantem a este cérebro uma função de autonomia global. (MENEGHETTI, 2000, p.91)

O cérebro viscerotônico, segundo a experiência ontopsicológica, resulta sempre exato. Também o cérebro do crânio, não houvesse a manipulação cultural elaborada pelo monitor de deflexão, seria exato. Ambos são fenomenologia do Em Si ôntico: o visceral é ação reflexológica; o central é discricional. Os dois sistemas convivem em contínuo intercâmbio, em particular, durante o sono.

A introdução de informações prevalecentes sobre informações lógico-cerebrais resulta nas aparentes contradições de sentido quando se faz a análise onírica. (MENEGHETTI, 2000, p.92) 

Secção transversal: a) do canal intestinal, e b) da parede intestinal (Meneghetti, 2000, p.92)

Para uma visão científica completa na ótica Médica acerca do Sistema Nervoso Entérico, indica-se a obra The Enteric Nervous System, de J.B. Fourness.

Cérebro visceral e Em Si ôntico

Por fim, vale ressaltar que em Ontopsicologia é fundamental o papel do cérebro visceral ou viscerotônico, enquanto ele é a primeira fenomenologia mais física e emocional do Em Si ôntico, reagindo em antecipação a qualquer forma de conhecimento de que somos dotados.

Esse segundo cérebro está livre as interferências típicas sofridas pelo cérebro crânico, como estereótipos mentais, viéses de juízo, fixações obsessivas, ideologias, dogmatismos, entre outras fenomenologias do monitor de deflexão na psique humana.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. AZEVEDO, Erico, O método ontopsicológico na clínica psicológica contemporânea. Tese de Doutorado em Psicologia, 2017. PUC/SP.
  2. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
  3. DANDER, B. O primeiro cérebro e a Ontopsicologia in Nuova Ontopsicologia, n. 1/2001. p.38-43.
  4. FOURNESS, J.B. The Enteric Nervous System. Massachusetts: Blackwell Publisihing, 2006.
  5. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  6. MENEGHETTI, A. Manual de Melolística. Recanto Maestro: Ontopsicologica Ed., 2005. ISBN 85-88381-27-3
  7. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  8. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4

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