Etimologia
Latim voluntas = volo (querer) + tudo, sufixo indicando ação ou resultado. Isso sugere a ideia de “ação de querer” ou “resultado do querer”. o ente lança em ato definido.
Adicionalmente, a raiz grega ἐθέλω (etélo) composta de ἔιμί (ser) e θέλως (fim, escopo), implica que “vontade” está relacionada ao fim ou objetivo do ser, onde este se intenciona, ou seja, deseja livremente.
Significados
Filosofia
Historicamente, a vontade é um conceito central em várias tradições filosóficas. Schopenhauer via a vontade como a força fundamental do universo, uma energia irracional que impulsiona tanto a natureza quanto os seres humanos.
Para Nietzsche, a vontade de poder era o princípio que fundamentaria todas as ações humanas, uma força vital de crescimento e domínio.
Em oposição, Kant considerava a vontade como essencialmente ligada à razão, onde a “Boa Vontade” está fundamentada em princípios morais universais e racionais.
Psicologia
Na psicologia, a vontade é vista como a qualidade mental que propicia o controle consciente de ações, emoções e impulsos.
Sigmund Freud, no campo da psicanálise, associou a vontade ao princípio da realidade, onde o ego medita entre os desejos do id e as imposições da realidade.
Em contrastante, em visões da psicologia humanista, como a de Carl Rogers, a vontade é frequentemente associada ao self-actualization – o desejo de realizar o próprio potencial e capacidades plenas.
Ciência
Na neurociência, a vontade é associada a processos cognitivos complexos, incluindo a tomada de decisões, planejamento e execução de ações.
A área do córtex pré-frontal é particularmente relevante para o exercício da vontade, sendo responsável por funções executivas que permitem a organização e realização de comportamentos intencionados.
Ontopsicologia
Na Ontopsicologia, a vontade é compreendida de maneira multifacetada. Ela é definida como:
Faculdade de iniciar e atuar o ato em modo, lugar e tempo. Exercício de intencionalidade.
É um exercício de intencionalidade no sentido que revela a presença ontológica da autoatuação humana – uma manifestação do caráter unitário da subjetividade humana. Força motriz para a ação, aquilo que impulsiona os indivíduos a perseguirem seus objetivos e realizar suas aspirações.
Antonio Meneghetti enfatiza que a vontade é o ponto central de expressão do ser humano, onde a subjetividade se revela e se exalta. Ela é o apelo dominante do homem, pelo qual ele se autentica no próprio ser.
Meneghetti salienta também que a vontade é fundamental para a moralidade do ato totalmente humano, que exige liberdade integral para que a pessoa possa se autocompletar, atuando de modo transcendente frente a várias situações da existência concreta: política, economia, religião etc.
Portanto, a vontade em Ontopsicologia está profundamente conectada à identidade integral do indivíduo e à sua capacidade de se realizar, superar obstáculos e concretizar a melhor solução histórico-matérica.
Conclusão
A vontade é um conceito rico e multifacetado que abrange desde raízes etimológicas profundamente ligadas ao ser e ao fim, até abordagens filosóficas, psicológicas e científicas que exploram sua importância para a ação humana.
Na Ontopsicologia, a vontade é vista como a capacidade primordial de autoatuação e de expressão ontológica, essencial para a realização total do ser humano.
Essa visão integradora destaca a vontade não apenas como um impulso ou desejo, mas como a manifestação plena da intencionalidade e identidade de um indivíduo em busca de completude e autenticidade.
Ver também
Aulas de Ontopsicologia
- Aula 01 – Introdução à Ontopsicologia
- Aula 02 – A Ontopsicologia como Teoria do Conhecimento
- Aula 36 – Panorama Científico sobre intuição
- Aula 37 – A Intuição segundo a Ontopsicologia
- Aula 39 – Fenomenologia e Ontopsicologia
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Referências
- MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
- ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
- MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
- BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
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