Ontopsicologia

Trinácrio

O trinácrio é um símbolo milenar da humanidade, escolhido por Antonio Meneghetti para representar a cultura ontopsicológica. Na imagem, o símbolo tibetano “Gankyil” (Ananda Chakra). adaptado de Kwamikagami – Own work, CC BY-SA 4.0,

Introdução

O “Trinácrio” é um símbolo antigo com rica história e vários significados culturais. Outros símbolos similares são “Triqueta” ou “Trisque” (ou Triskelion em inglês), Tríscele e Tryfot,

Etimologia e Significado

Latim Trinacrium, composto de “Tri-“, que significa “três” em latim, do grego “τρι” (tri); e Nacrium: provavelmente vem de ἄκρα (ákra) no grego, que significa “extremidades” ou “pontos”. Portanto, “Trinacrium” pode ser interpretado como “três extremidades” referindo-se à forma triangular da Sicília, que tem três pontos proeminentes na ilha.

Grego τρίκετρόν (triketron), que significa “triqueta”, significando “três pontas”. O símbolo da Triqueta representa três interseções ou laços, e tem sido associado a variados conceitos e significados ao longo do tempo e através das culturas.

Grego τρισκελής (triskeles), tríscele, literalmente “três pernas” ou “três pernas correndo”. A associação do trinácrio com o símbolo “triskelion”, que significa “três pernas” ou “três curvas”, é provavelmente posterior e mais simbólica em termos culturais do que etimológica.

Celta e Anglo-Saxão. O símbolo é também conhecido no antigo idioma Celta, onde era utilizado em diversas gravuras e artefatos.

Histórias e Usos Culturais

Celta e Druida

O símbolo é proeminente na arte celta, frequentemente simbolizando trindades ou tríades importantes da vida em eterno movimento e equilíbrio, como nascimento, vida e morte, corpo, mente e espírito, Terra, Mar e Céu, ou a triplicidade da deusa celta (donzela, mãe e anciã).

Cristianismo

Os cristãos celtas adotaram a Triqueta para simbolizar a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Muitos manuscritos medievais, como o “Book of Kells“, apresentam o símbolo ornado. Veja aqui o símbolo.

Budismo

O símbolo que se descreve como “Triqueta” ou “Triskelion” tem variantes e utilizações específicas no contexto do Budismo e também na Coreia. Em cada uma dessas culturas, o símbolo adquire interpretações e nomes próprios.

No contexto budista, o Triskelion pode representar a tríade de Buda, Dharma (Doutrina) e Sangha (Comunidade Monástica).

Especialmente em tradições budistas tibetanas e do Leste Asiático, um símbolo similar é conhecido como o Gankyil ou “Roda do Êxtase” ou “Roda da Felicidade Suprema” (Sanskrit: ānanda-cakra).

O Gankyil é um círculo triplo que representa a unidade das três raízes (ou três joyas): Buda, Dharma (ensinamentos) e Sangha (comunidade), e também pode simbolizar a inter-relação de sabedoria, compaixão e poder.

O Dharmachakra (धर्मचक्र) ou “roda do dharma” é um símbolo muito difundido usado no Budismo. O símbolo também é usado no Hinduísmo, particularmente em lugares que passaram por transformações religiosas, e no Jainismo e na Índia moderna.

Historicamente, o Dharmachakra foi frequentemente usado como decoração em estátuas e inscrições do Leste Asiático, começando com o período mais antigo da cultura do Leste Asiático até o presente. Continua a ser um símbolo importante da religião budista hoje.

Ao centro do Dharmachakra, vê-se com clareza a imagem de um trinácrio.

Coreia

Na Coreia, o símbolo com três partes é conhecido como Sam-Taegeuk ou apenas Taegeuk quando se refere ao símbolo semelhante ao Yin-Yang, mas com três seções em vez de duas. O Sam-Taegeuk representa o céu, a terra e a humanidade, e está profundamente enraizado na filosofia e cosmologia coreanas.

O Taegeuk é parte integral da bandeira da Coreia do Sul (Taegeukgi), onde o círculo é dividido em duas formas encaracoladas de vermelho e azul, representando o equilíbrio entre forças opostas e complementares. O Sam-Taegeuk, ou Taegeuk triplo, é frequentemente visto em templos, roupas tradicionais e artefatos culturais.

Mitologia Grega e Romana

O símbolo é associado com a tríade de deuses poderosos. Em Messina, Itália, a Górgona com três pernas (triskelion) foi emblema da Sicília e simbolizava o poder e a proteção.

Uso em Bandeiras e Brasões

Sicília, Itália: A bandeira da Sicília apresenta um Triskele, simbolizando as três pontas principais da ilha.

Ilha de Man: A bandeira da Ilha de Man (localizada no Mar da Irlanda) exibe três pernas armadas, que é uma forma específica de Triskele.

Cátaros: Movimento religioso medieval que usou símbolos triplos.

Lendas e Mitos

  • Lenda Siciliana: Diz-se que a “Trinácria” representa a beleza da Sicília, sustentada por três ninfas.
  • Mitologia Nórdica: Em algumas lendas, a Triqueta era um encanto protetivo utilizado por guerreiros e feiticeiros.
  • Era Neolítica: Escavações revelaram uso do Triskelion em rochas datando de 3200 a.C., servindo como símbolo de energia contínua e equilíbrio.

Ontopsicologia

O trinácrio é considerado o símbolo da cultura ontopsicológica, um símbolo ancestral do humano, que aparece nas mais diversas culturas do nosso planeta, dos Celtas aos Budistas, dos Coreanos aos Gauleses, entre tantos outros, como vimos.

São muitas as formas e usos do trinácrio, em inglês, “triskelion”, e em português, também dito tríscele. 

O fundador da Ontopsicologia, Professor Antonio Meneghetti, afirma em seu Dizionario di Ontopsicologia (2001), afirma:

O trinácrio, símbolo da cultura ontopsicológica, significa o três no um, e o um no três. É um símbolo que faz parte dos signos mais antigos da cultura humana neste planeta. 

Meneghetti relata também acerca de uma lenda antiga, segundo a qual quando um rei queria dar um presente prestigioso para um outro rei, enviada um sábio com um anel esculpido com um trinácrio, e que o sentido, horário ou anti-horário, é indiferente.

Para o fundador da Ontopsicologia, a tríade representada pelo trinácrio adquire o sentido da síntese ordenada de ser, mundo e indivíduo, ou ainda o sujeito em uníssono entre ser e existência, e por fim, a tríade formada por Em Si ôntico, Eu lógico-histórico e sociedade.

Patrimônio intangível da humanidade

O símbolo “trinácrio” é patrimônio intangível da humanidade, não sendo propriedade de quem quer que seja. Nenhuma institução ligada à Medicina, por exemplo, diz-se ou pode dizer-se “dona” do famoso “Bastão de Esculápio”, símbolo da Medicina, assim como nenhuma instituição ligada ao Direito diz-se proprietária da “Balança da Justiça”, representada pela deusa Themis.

Conclusão

O símbolo do Trinácrio tem uma profunda e diversificada presença histórica, com significado dinâmico, utilizado por várias culturas para representar ligação, proteção e equilíbrio. Suas associadas trindades refletem tanto as forças naturais quanto as crenças espirituais, tornando-o um dos símbolos mais versáteis e duradouros da história humana.

Em referência à Ontopsicologia, é importante dizer que Meneghetti escolheu esse símbolo, justamente por ser um profundo conhecedor da história da humanidade, para representar seu pensamento.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  2. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  3. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
  4. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
  5. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, disponível em <dicionario.priberam.org>
  6. Tríscele <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%ADscele>
  7. Taegeuk <https://pt.wikipedia.org/wiki/Taegeuk>
  8. Gankyil <https://en.wikipedia.org/wiki/Gankyil>
  9. Formas e usos <https://commons.wikimedia.org/wiki/Triskelion>

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