Ontopsicologia

Superego

Etimologia dos termos

Latim super que significa “acima” ou “além”, ego se refere ao eu consciente. A partir da etimologia, o “superego” seria algo “além ou acima do eu”, implicando em uma instância da psique que está acima ou além do eu consciente. Não há conceitos idênticos em outras línguas antigas, como Sânscrito ou Aramaico, mas o conceito pode ser aproximado a termos dessas línguas que lidam com as noções de consciência superior ou controle moral.

Significado

No campo da psicanálise, o “superego” é uma das três partes da mente propostas por Freud, junto com o “id” e o “ego”. O superego representa a parte da personalidade que internaliza os padrões e normas morais e sociais, sendo responsável pelo senso de moralidade e consciência.

O superego opera de acordo com o princípio do dever e da perfeição, muitas vezes entrando em conflito com os impulsos do id e as demandas do ego.

Conceito de Superego em Ontopsicologia

Em Ontopsicologia o superego começa a se formar na primeira fase da infância com a transmissão de conhecimentos e na relação social.

Quando a criança passa a considerar apenas a moral externa em detrimento daquilo que sente internamente, o superego começa a prevalecer e a apagar a clareza de consciência.

Assim, com o tempo o superego se torna uma estrutura que antecipa todo e qualquer conhecimento organísmico e a decisão egóica passa a ser influenciada na maioria das vezes pelo monitor de deflexão e não mais pela pureza instintual do Em Si ôntico.

Em última análise, o superego é uma inversão do Eu a priori, ou seja, o ótimo na ética de uma situação é absolutizado e generalizado como “ótimo de qualquer nova situação”, anulando a novidade do devir histórico.

Na Ontopsicologia, o conceito de superego é analisado profundamente no contexto de sua influência sobre o indivíduo:

  • Eixo Individual da Doxa Societária: O superego é entendido como um eixo individual da doxa (opinião ou crença comum) societária. Ele serve para transmitir conhecimento e hábitos culturais e sociais da sociedade adulta ao indivíduo em crescimento.
  • Função Positiva e Negativa: Inicialmente, a função do superego é positiva, pois transmite ao jovem um acervo de conhecimentos e comportamentos sociais que são vitais para a sobrevivência e integração social. Contudo, se absolutizado, torna-se uma estrutura antecipatória que pode suprimir o conhecimento organísmico e a decisão espontânea do Eu, transformando-se em um “guardião terrível” que sufoca a criatividade e a autenticidade.
  • Monitor de Deflexão: Um dos conceitos-chave na Ontopsicologia é o “monitor de deflexão”, que está intimamente associado ao superego. O monitor de deflexão interfere na percepção egoceptiva defletindo, ou desviando, as informações de acordo com uma imagem dominante previamente estabelecida, restringindo assim a autonomia do sujeito.

Concepção Corrente em Psicologia e Psicanálise

  • Psicologia: Em psicologia, o superego é frequentemente visto como uma parte estruturante da personalidade, influenciando a moralidade e o comportamento do indivíduo. Funciona como uma voz interna de autoridade que julga e regula ações baseadas em padrões morais e éticos.
  • Psicanálise: Freud introduziu o superego como uma das três estruturas principais da mente humana, ao lado do id e do ego. O superego representa as normas internalizadas e os valores sociais recebidos dos pais e da sociedade. É a parte da psique que visa reprimir os impulsos do id e mediar entre as exigências do ego e os ideais morais. Em última análise, o superego busca a perfeição moral, podendo resultar em sentimentos de culpa ou inadequação quando suas expectativas não são cumpridas.

Filosofia

Na filosofia, especialmente dentro da fenomenologia e da ética, o conceito de superego toca em temas de autoconsciência moral e o papel das normas sociais na formação da identidade pessoal e da moralidade:

  • Autoconsciência Moral: O superego é visto como uma expressão da autoconsciência moral, onde a internalização dos padrões sociais resulta em uma auto-regulação ética constante.
  • Normas Sociais e Identidade: Na ética e na filosofia moral, discute-se como as normas sociais internalizadas moldam a identidade e as ações do indivíduo, influenciando seu conceito de dever e moralidade. Filósofos como Immanuel Kant discutiram como a razão prática deve guiar a ação moral acima dos desejos e impulsos irracionais, um conceito que ressoa com a função do superego como descrito por Freud.

Integração das Perspectivas

A Ontopsicologia não só integra as visões tradicionais sobre o superego mas também oferece uma crítica e uma ampliação dessas perspectivas, destacando a importância de uma integração equilibrada entre o conhecimento orgânico, as influências sociais e a autorealização subjetiva.

Segundo Meneghetti, o desafio é manter a função positiva do superego (como transmissor de conhecimento social indispensável) enquanto se evita sua absolutização e subsequente repressão da autenticidade e espontaneidade do sujeito.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  2. MENEGHETTI, Antonio, Manuale di Ontopsicologia, Roma: Psicologica Editrice, 2008. ISBN 88-89391-35-9
  3. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
  4. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  5. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>

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