Ontopsicologia

Sujeito

Etimologia

Latim subjectus composto de “sub” (abaixo, sob) e “jacere” (lançar), significando originalmente “colocado abaixo”, que evoluiu para “sujeito” em português.

O termo “sujeito” deriva do latim “subjectus,” que é o particípio passado do verbo “subicere,” que significa “lançar abaixo” ou “submeter”. Este, por sua vez, se decompõe em “sub-” (sob, debaixo) e “jacere” (lançar).

Significado

Na tradição filosófica e psicológica, “sujeito” evoluiu para significar aquele que está em uma posição de subordinação em alguns contextos, mas também é entendido como a entidade que realiza ou experimenta ações – em contraste com o “objeto” que é afetado por essas ações.

Na psicologia e na filosofia pode ter diferentes significados, como o agente de uma ação, o causante, o emanente, alguém que está por trás de uma determinada coisa, um indivíduo consciente ou o ponto de vista de uma experiência.

Conceito de Sujeito em Ontopsicologia

Na Ontopsicologia, o conceito de “sujeito” é central para a compreensão de toda fenomenologia. Segundo Meneghetti,

O real existe, mas o indivíduo o vê, exclusivamente, do lugar no qual ele existe. A realidade é indiferente ao modo como o arquiteto faz a projeção; a coisa (res) é indiferente a como o sujeito a descreve.

Outros aspectos importantes onde a noção de “sujeito” em Ontopsicologia é central são:

  1. Projeção e Realidade: O sujeito tem um papel ativo na construção da realidade. Toda projeção do real é uma função temática e seletiva do sujeito. Em Ontopsicologia, não é possível compreender o mundo a partir do objeto de estudo isoladamente; a compreensão sempre passa pelo sujeito que observa e projeta.
  2. Psicossomática e Autenticidade: Na práxis ontopsicológica, a realidade do sujeito é constantemente avaliada para verificar e garantir a congruência entre a ação do Eu lógico-histórico e o Em Si ôntico. Isso implica que para um sujeito agir bem, ele deve estar alinhado com sua verdade mais profunda e essencial, o “Em Si”.
  3. Psicoterapia Ontopsicológica: A psicoterapia visa recuperar para o sujeito a consciência plena de seu quântico de inteligência, permitindo a autorealização e autenticidade na sua projeção existencial.

Concepção Corrente em Psicologia e Psicanálise

  • Psicologia: Na psicologia, o conceito de sujeito é frequentemente estudado em termos de identidade, consciência, e percepção. A psicologia enfatiza o desenvolvimento do sujeito ao longo da vida através de processos cognitivos e sociais que moldam a identidade e a experiência do indivíduo.
  • Psicanálise: Freud introduziu o sujeito como dividido entre consciente e inconsciente, onde pulsões e desejos não conhecidos por ele próprio influenciam seu comportamento. O sujeito freudiano é marcado pela dinâmica entre o id, ego e superego. Lacan, por sua vez, complicou a noção de sujeito ao introduzir a teoria do “sujeito do inconsciente”, onde ele é entendido como sempre faltoso, desejante, e estruturado pela linguagem.

Filosofia

No campo da filosofia, o sujeito é uma figura central nos estudos de epistemologia, metafísica e fenomenologia:

  • Epistemologia: O sujeito conhecedor, aquele que percebe e compreende a realidade. Descartes definiu o sujeito como “cogito” (eu penso), inaugurando o racionalismo moderno com a proposição “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo).
  • Metafísica: Questões sobre a natureza essencial do sujeito (o “ser”), sua relação com o mundo e com o “outro”. Heidegger, por exemplo, com sua obra “Ser e Tempo”, explora o “Dasein” (ser-aí) como sujeito inserido no mundo.
  • Fenomenologia: Husserl e Merleau-Ponty estudaram o sujeito a partir de sua intencionalidade, isto é, de como o sujeito sempre se volta para algo (objeto) no mundo, constituindo uma relação inseparável entre sujeito e objeto.

Ao integrar essas perspectivas, a Ontopsicologia não só reconhece a complexidade do sujeito enquanto entidade psicológica, filosófica, e fenomenológica, mas também propõe uma metodologia clínica própria, centrada na autenticidade e na projeção do Em Si ôntico, enfatizando a importância do indivíduo na constituição da realidade e na autorealização pessoal.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. AZEVEDO, Erico, O método ontopsicológico na clínica psicológica contemporânea, Tese de Doutorado em Psicologia Clínica, PUC/SP, São Paulo, 2017.
  2. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  3. MENEGHETTI, Antonio, Manuale di Ontopsicologia, Roma: Psicologica Editrice, 2008. ISBN 88-89391-35-9
  4. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0

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