Sonhos: Significado e Interpretação na Ontopsicologia

Uma ferramenta poderosa para resolução de problemas práticos e evolução pessoal.

Sol: símbolo da vida em seu princípio, protótipo do Em Si ôntico.

Contextualização Histórica da Ontopsicologia

A Ontopsicologia é uma disciplina criada pelo filósofo Antonio Meneghetti, que se inspira na fenomenologia de Edmund Husserl e no pensamento psicanalítico de Sigmund Freud. Meneghetti desenvolveu a Ontopsicologia na segunda metade do século XX, em resposta ao que ele via como limitações do método científico e das ciências humanas tradicionais, em especial a Psicologia.

Sua principal obra de referência é “A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental”, de Husserl, onde critica-se a falta de uma base epistemológica sólida nas ciências modernas.

Meneghetti propôs um retorno à “intuição originária”, conceito fundamental para a Ontopsicologia, que visa resgatar a percepção imediata dos fenômenos, não poluída pelos filtros culturais e sociais que compõem o “Eu histórico”.

O desenvolvimento desta percepção permitiria uma melhor compreensão da essência do ser humano, bem como a formulação de terapias mais eficazes na Psicologia Clínica.

Definição de Sonho em Ontopsicologia

Na Ontopsicologia, o sonho é compreendido como uma projeção das diversas variáveis e alterações tanto funcionais quanto estruturais do organismo do sujeito. Toda a construção onírica é considerada uma linguagem natural que revela o estado real do indivíduo no âmbito biológico, psicológico e ontológico.

Os sonhos são gerados pelo cérebro viscerotônico ou sistema nervoso entérico. Este sistema é um segundo cérebro que opera independentemente do cérebro principal na cabeça e é responsável pela criação das imagens oníricas, sofrendo ainda a interferência do monitor de deflexão para projetar tais imagens no sonho. O monitor de deflexão é um reelaborador da consciência, que sincroniza imagens a partir da memória e do dia a dia, alterando a percepção original.

Método Ontopsicológico para Compreensão do Sonho

A interpretação dos sonhos na Ontopsicologia baseia-se em três principais princípios e em oito critérios suplementares que buscam contextualizar o sonhos de maneira integral.

Os três princípios universais são:

Natureza funcional do objeto ou contexto indicado pelo símbolo para o humano: Refere-se à utilidade do símbolo no contexto do sonho em termos de funcionalidade biológica e psicológica.
Efetuabilidade causal do símbolo: Este princípio examina se o símbolo no sonho tem capacidade concreta de influenciar ou mudar a realidade do sonhador.
Critério semântico: Envolve a análise do significado dos símbolos dentro do contexto individual e biológico do sonhador, e não de acordo com mitos ou estereótipos culturais. Quanto o símbolo faz realidade e move a energia do sonhador?

Adicionalmente, o sonho é analisado com base em quatro fontes das quais derivam os símbolos (contextos biográficos, experiências emocionais, estímulos externos e intervenções do Em Si ôntico) e quatro aspectos a serem observados na cena onírica (visualizações dos instintos, indivíduos, ações e aspectos metahistóricos).

A combinação desses onze elementos permite uma leitura detalhada e precisa do significado do sonho.

Tipos de Sonho

Na Ontopsicologia, os sonhos são classificados em oito tipos distintos, cada um com características e funções específicas. Aqui estão alguns dos principais tipos:

Sonho de Transparência do Real: Experiência durante o sono que cria uma sensação de conforto, revelação e visões sobre coisas agradáveis. Esse tipo de sonho é regenerador e conecta o sonhador ao seu Em Si ôntico.
Sonho Clínico-Anamnéstico: Reflete a condição existencial do sujeito em várias áreas da vida, como saúde, trabalho, relações afetivas, etc. Pode indicar problemas de saúde e sugestões sobre como resolver essas questões.
Sonho de Premonição: Indica eventos que estão prestes a acontecer e que ainda não foram percebidos de maneira consciente pelo sujeito. São reconhecidos pela clareza e pelo imediatismo.
Sonho Semântico: Relaciona-se a outra pessoa com quem o sonhador tem um forte vínculo. Esses sonhos podem resultar em uma sensação de cansaço ao despertar, já que a realidade que representam não pertence ao sonhador propriamente dito.
Sonho de Incubação Alienígena: Esta tipologia específica, bastante complexa, sugere cenas em que o sonhador é levado para realidades “alienígenas”. Meneghetti sugere que tais sonhos podem resolver casos particulares e complexos.

Aplicação Clínica e Metodológica

Os sonhos, na Ontopsicologia, servem como uma ferramenta crucial no diagnose e na compreensão profunda da condição do paciente. Eles são usados para revelar o estado interno do sujeito, suas dificuldades, progressos e metas mais amplas de vida.

A metodologia proposta aborda o sonho não apenas como um fenômeno psicológico, mas como uma biografia visual e simbólica que oferece insights poderosos sobre todas as dimensões da existência do indivíduo.

Com base nessas interpretações, as intervenções clínicas podem ser mais assertivas e direcionadas, ajudando os indivíduos a alinharem suas ações conscientes com as necessidades e orientações do seu Em Si ôntico, promovendo assim saúde e bem-estar integral.

Conclusão

A abordagem ontopsicológica dos sonhos conceitua o fenômeno onírico não apenas como uma expressão do inconsciente, mas como uma análise e diagnose integral da vida do indivíduo emitido pela natureza.

A compreensão precisa dos sonhos, seguindo os princípios e métodos da Ontopsicologia, tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa na prática clínica, possibilitando uma intervenção altamente personalizada e efetiva para o desenvolvimento pessoal e a saúde e bem-estar integral.

Essa análise detalhada dos sonhos pode revolucionar as abordagens tradicionais, trazendo uma nova compreensão sobre a função dos sonhos e sua importância na vida dos seres humanos.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

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AZEVEDO, Erico, O método ontopsicológico na clínica psicológica contemporânea. Tese de Doutorado em Psicologia, 2017. PUC/SP.
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MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
MENEGHETTI, Antonio. Manuale di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2008. ISBN
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ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>

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