Ontopsicologia

Método

Etimologia

Grego μέθοδος (methodos), combinação de meta (além de, após) e hodos (caminho, via). Literalmente, significa “caminho em direção a”.

Significado

O termo “método” refere-se a um procedimento sistemático ou uma abordagem organizada para realizar uma tarefa, alcançar um objetivo ou investigar um fenômeno. Envolve a aplicação de uma sequência lógica de passos ou técnicas para alcançar resultados específicos de maneira eficiente e eficaz. O método fornece uma estrutura para a análise, síntese e aplicação do conhecimento em diversas áreas, como ciência, pesquisa, ensino e prática profissional. É uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento do pensamento crítico, a resolução de problemas e a tomada de decisões informadas.

O método científico

Dando uma classificação introdutória, o método científico pode ser indutivo ou dedutivo. O método indutivo parte de casos singulares para chegar a conclusões generalizadoras, ou leis gerais, enquanto o método dedutivo parte de verdades já conhecidas, as quais podem ser desdobradas em novas verdades implícitas naquelas já conhecidas. Com relação ao método indutivo, ele pode ser completo ou incompleto. É completo quando todas as hipóteses são avaliadas, o que é possível em temas teóricos e também na matemática. É incompleto quando não é possível avaliar todos os casos singulares, como é no caso da ciência experimental positivista, que realiza um número finito de medidas e, a partir de suas observações, elabora leis gerais que podem ser sempre aprimoradas e corrigidas por novas medidas, ad infinitum. Para os antigos, porém, a intuição também é parte integrante e fundamental do método científico, e por meio dela é possível conhecer e chegar a evidências.

Portanto, do ponto de vista do método empregado pelas ciências, classicamente temos o método indutivo e o método dedutivo. O método dedutivo encontra suas origens no silogismo aristotélico. O método indutivo, que tem seus rudimentos na maiêutica socrática, será elaborado em seus particulares por Francis Bacon, sistematizado de modo matemático por Galileu Galilei e, posteriormente levado a extremos pelo positivismo científico, que reduz o conceito de ciência àquilo que pode ser conhecido por meio desse exclusivo método. Tudo o que se pode conhecer para além do método positivista não seria científico. A crítica aos limites dessa noção de ciência é abundante. Já em 1911, Husserl chama a atenção para o fato que nas ciências matemático-físicas, a maior parte do trabalho resulta de métodos indiretos. Por conta disso, somos muito propensos a superestimar tais métodos e a desconhecer o valor das apreensões diretas (…), da intuição direta (Hu XXV, p. 62).

O método científico e a “Crise das ciências”

A discussão do método científico e sua relação com o que Edmund Husserl denomina de “crise das ciências” pode ser posta de modo preliminar conforme segue:

Qual o fundamento, o critério de certeza desses dois procedimentos racionais? [indutivo e dedutivo] Classicamente falando, o critério de certeza universal é a evidência. Se tomarmos o silogismo, por exemplo, este apelará, em última instância, à evidência de primeiros princípios ou axiomas, como o princípio de identidade e o princípio de não contradição. Eis que retornamos a Parmênides com “o ser é, o não ser não é”. Para alguns filósofos, como Kant, por exemplo, a lógica estaria então já devidamente “fundada”, devidamente “esgotada” naquilo que Aristóteles havia desenvolvido. Kant não se questiona sobre o que efetivamente nos consente realizar esta operação “evidente”. Questiona-se sobre como possam ser possíveis a matemática e a física como ciências enquanto não seja possível tornar científica a metafísica. A matemática e a física se fundam em induções completas e incompletas, respectivamente, mas tampouco apresentam o seu fundamento. Como dar um fundamento evidente ao ponto, ao número, ao átomo etc.? (Azevedo, 2011)

A ciência positivista, em particular aquela que inicia com Galileu Galilei, é, para Husserl, de certa forma ingênua, na medida em que não se questiona sobre o fundamento de suas operações metódicas, mas também a lógica. Tais operações, em última instância, apelam para a evidência do operador de ciência, mas os positivistas não se perguntam o que permita realizar esta operação “evidente”. Mais ainda, a ingenuidade das ciências naturais positivas reside no fato de que elas, de fato, não se ponham como tema o problema do “ser da natureza”, não atingindo, portanto, um conhecimento rigoroso e definitivo:

Deduzir não equivale a explicar. Prever, ou ainda, reconhecer e depois prever as formas objetivas da estrutura e dos corpos químicos ou físicos – tudo isso não esclarece nada, antes, tem necessidade de um esclarecimento. (Hu VI, p.193)

A resolução deste enigma para Husserl passa pela resolução do conflito entre as duas posições principais da filosofia moderna: o objetivismo fisicalista e o subjetivismo transcendental (Hu VI, Parte II, §§ 8 a 27). Não é possível resolver este conflito apelando para modelos de subjetividade postulados, como fez Kant com suas categorias transcendentais, nem tampouco para a “necessidade” não demonstrada de um objeto transcendente, como fez Descartes. Em outras palavras, Husserl considera que essas duas posições não souberam colocar, nem resolver adequadamente, o “problema transcendental”, o problema de como o mundo se dê para a consciência. Para ele, seria necessário uma superação de pré-juízos históricos milenares, da filosofia e da ciência, para que empreender uma verdadeira análise intencional, uma fenomenologia em sentido próprio, capaz de retirar do anonimato o mundo-da-vida, refundando a filosofia e a ciência em base ao terreno das experiências originárias, sobre as quais todas as teorias e hipóteses científicas são elaboradas.

A proposta da Ontopsicologia

A Ontopsicologia parte das propostas de Edmund Husserl em sua “Crise das ciências” e, por meio de suas investigações faz três descobertas que permitem trazer novamente para o campo de discussão científica a intuição como parte do método. De fato, o método científico proposto pela Ontopsicologia é bi-lógico, utiliza a lógica dos processos indutivos e dedutivos, e adiciona a lógica da intuição, a qual adquire sua dignidade por meio das três descobertas da Ontopsicologia: campo semântico, Em Si ôntico e monitor de deflexão.

De posse dessas três descobertas, o cientista ou filósofo possui um método seguro para atingir o terreno original da experiência psíquica humana, o mundo-da-vida, ou mundo das intuições originárias, e partindo da exatidão da experiência intuitiva, chega às evidências necessárias para elaborar suas teorias e hipóteses.

Ver também

Referências

  1. AZEVEDO, Erico. “A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental” de Edmund Husserl: uma apresentação. Dissertação de Mestrado em Filosofia, 2011. PUC/SP.
  2. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  3. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  4. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>