Etimologia
A palavra “memética” deriva do termo “meme”, cunhado pelo biólogo Richard Dawkins em seu livro “O Gene Egoísta” (1976). Dawkins definiu um “meme” como uma unidade de informação cultural que se propaga de pessoa para pessoa, assim como os genes se propagam na biologia.
Grego μιμἐομαι = imitar, imitação.
Significado
A memética é o estudo dos memes e de como eles se propagam e evoluem na cultura humana. Assim como os genes são unidades de informação biológica, os memes são unidades de informação cultural que podem ser transmitidas através de várias formas, como ideias, crenças, padrões de comportamento, linguagem, entre outros.
Daniel Dennet, filósofo e um dos principais estudiosos da memética, define os memes como replicadores culturais, que competem por espaço na mente humana e por oportunidades de reprodução. Richard Brodie, por sua vez, desenvolveu essa ideia, comparando os memes aos vírus de computador, que se espalham rapidamente e podem influenciar o comportamento humano de maneira significativa.
Na visão de Dennet e Brodie, a memética oferece uma nova perspectiva para entender a cultura humana, mostrando como ideias e padrões de comportamento podem se espalhar e se adaptar de maneira semelhante à evolução biológica.
Susan Blackmore, uma das principais pesquisadoras no campo da memética, expandiu o conceito introduzido por Richard Dawkins e propõe que os memes não são apenas unidades de informação cultural, mas também agentes ativos na evolução cultural, incluindo características similares aos genes, como replicação, variação e seleção. Blackmore sugere ainda que os memes competem por recursos cognitivos e influenciam o comportamento humano de maneira significativa, de forma que a cultura humana evoluir segundo a ótica dos memes, e não o contrário.
No contexto cotidiano, a palavra “memética” muitas vezes é usada de forma mais ampla para se referir a qualquer tendência, ideia ou conceito que se espalha rapidamente pela cultura popular, especialmente através das redes sociais e da internet. Ela pode ser aplicada a fenômenos como memes da internet, viralização de conteúdo e influência cultural em geral.
Memética e Ontopsicologia
Os temas ligados à memética receberam relativa consideração por parte de Antonio Meneghetti, fundador da Ontopsicologia, vez que poderiam tornar simples e direta a compreensão do monitor de deflexão.
Definição de Meme
Analisando o meme segundo a sua lógica essencial e modo de funcionamento, Meneghetti define meme como:
Um formal informacional agregado, programado, uma imitação elaborada sem referência a um concreto gênico ou original. Pode ser ainda definido como uma imagem com fim em si mesma, ou seja, uma informação que não consente a reversibilidade de coincidência.
Meme e monitor de deflexão
A relação entre memes e monitor de deflexão é a seguinte:
Um formal especular que se aloja sobre um organismo capaz de refleti-lo. Dá-se [o meme] à raiz de um programa [monitor de deflexão] e ele [programa] reflete [o meme] infinitamente. (…) O monitor de deflexão é indutor base dos memes, é o programador base da ação dos memes.
Informação ôntica
Pode ser definida como uma informação reversível, ou seja, onde há a reversibilidade ou coincidência entre o signo, que representa uma realidade, e a coisa em si. A informação ôntica é funcional. Distingue-se com base nos quinze critérios do Em Si ôntico.
Informação memética
É uma informação que não consente a reversibilidade de coincidência com a vida e com a natureza. É uma informação finalizada em si mesma, baseada em estereótipos, monitor de deflexão, complexos, tradições etc.
Meme e Gene
O gene é um módulo biológico que carrega uma informação da natureza, enquanto o meme é um módulo de informação que não devira da natureza. O meme apoia-se sobre o gene, sobre o indivíduo que atua como ventre, útero. O meme vive enquanto existe o substrato biológico.
A informação memética é finalizada em si mesma; a informação do gene é uma função para o próprio sujeito.
O meme como vírus mental
Como vimos na introdução do artigo, para autores como Brodie e Blackmore, o meme é comparável a um vírus alojado sobre o orgânico cerebral, com prioridade de acesso à consciência e à vontade.
Dessa forma, um “meme de sucesso” seria aquele capaz de alcançar mais recursos, ou seja, lançar sinais precisos, ativando uma maior quantidade de grupos de neurônios de modo a excitar uma sociedade de neurônios hiperativa (efeito rede).
O comportamentismo de Watson, o cognitivismo de Neisser e o modelo H.I.P. de Pribram e Galanter, à luz da revisão proposta pela memética, expõem o processo neuro-computacional da memética orgânica.
Referências
- BLACKMORE, Susan. The Meme Machine, Oxford University Press, 2000.
- BRODIE, Richard. Virus of the Mind: The New Science of the Meme. Integral Press, 1996.
- DAWKINGS, Richard. The Selfish Gene, New Edition Oxford University Press, 1989.
- MENEGHETTI, Antonio. Ontopsicologia e Memética. Roma: Psicologica Ed, 2002. ISBN 88-86766-81-54
- MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
- MENEGHETTI, Antonio, Manuale di Ontopsicologia, Roma: Psicologica Editrice, 2008. ISBN 88-89391-35-9
- John B. Watson, 1878-1958.
- Ulric Neisser, 1928-2012.
- Karl H. Pribram Karl H. Pribram, 1919.
- Eugene Galanter, 1924.
Voltar para Guia da Ontopsicologia