Ontopsicologia

Frustração

Frustração

Etimologia

Latim frustratio, composto por frustra actio = ato de frustrar, decepcionar ou desapontar, ação em vão, ação frustrada.

Grego aπογοήτευση (apogóitisī) = sentimento de desapontamento ou decepção.

Acádico 𒈠𒌋𒁺 (ērēqu) = estado de ser privado de um objetivo ou desejo.

Significado

Em sentido etimológico, o termo frustração pode ser descrito como ação ao vazio ou sem o efeito previsto. A Ontopsicologia adiciona o fato que o estado de frustração se transmuta em uma tensão à compensação.

A frustração é entendida em Ontopsicologia como uma disfunção fundamental na interação entre o Eu e o Em Si, dois conceitos centrais na teoria ontopsicológica da personalidade, ou seja, quando o Eu lógico histórico não é capaz de atuar as diretivas (ou intencionalidades) do próprio Em Si ôntico, dá-se a frustração, cujo estado emocional resultante é um conflito entre expectativas e realidade.

Subsequentemente, esse conflito emocional resultanda da ação sem o efeito previsto, transmuta-se em tensão à compensação, que pode ser vingativa (destrutiva) ou acretiva, reforçando algo maior e positivo, que gera crescimento.

A frustração surge, portanto, quando há desproporção entre o fornecimento de energia e o retorno (ou a perda) dessa energia, caracterizando-se por esforços grandes que resultam em recompensas mínimas ou inexistentes, representando uma perda constante não apenas de energia, mas também de diversas formas de recursos pessoais.

Em termos práticos, a frustração é um estado em que o indivíduo enfrenta obstáculos repetidos ao seguir a própria intencionalidade, resultando em anomalias de comportamento.

Amplitude Psicológica 

A frustração é uma ocasião onde pode ocorrer a inserção da distorção dentro dos processos cognitivos e instintivos da pessoa, por meio da sincronização do monitor de deflexão, influenciando não só suas ações futuras, mas também sua experiência emocional e desenvolvimento psicológico.

O monitor de deflexão, outra noção importante dentro da Ontopsicologia, é apontado como uma influência distorcional que se simbiotiza com modos comportamentais adquiridos na infância. Este monitor interfere no momento em que a natureza do indivíduo é frustrada — como por exemplo, quando a gratificação esperada de uma figura materna não ocorre como o desejo original da criança.

A frustração, dentro da leitura ontopsicológica, é associada não apenas com o simples bloqueio de gratificações, mas também com a formação da matriz reflexa e inserção do monitor de deflexão do indivíduo, estruturas que desempenham um papel fundamental na modulação das experiências internas e na projeção das experiências externas.

Aspectos Clínicos e Terapêuticos

Em Ontopsicologia, a superação da frustração implica em reconhecer e superar os efeitos dos mecanismos internos que causam a distorção cognitiva, por meio de um processo de revisão crítica da consciência denominado autenticação. A metanóia nada mais é que a reorganização dos processos mentais em favor de uma consciência radicada na lógica da vida, portanto, capaz de reconhecer as pulsões vitais do Em Si ôntico.

A condição de frustração é vista, portanto, como uma oportunidade para o crescimento psicológico, onde a individuação (desenvolvimento do Eu autêntico) pode ocorrer com a superação das influências distorcidas, herdadas ou adquiridas.

Nesse sentido, a intervenção clínica foca na identificação dessas distorções e em realinhar a energia do indivíduo de acordo com suas potencialidades ônticas genuínas.

Esse entendimento detalhado da frustração em Ontopsicologia fornece uma visão holística de como perturbações aparentemente negativas podem ser reconhecidas e transformadas em ferramentas de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.

Referências

  1. MENEGHETTI, Antonio, Manuale di Ontopsicologia, Roma: Psicologica Editrice, 2008. ISBN 88-89391-35-9
  2. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  3. Jastrow, M. (1903). A Dictionary of the Targumim, the Talmud Babli and Yerushalmi, and the Midrashic Literature. [Inglês]. Disponível em: https://www.sefaria.org/texts/Jastrow%2C_A_Dictionary_of_the_Targumim%2C_the_Talmud_Babli_and_Yerushalmi%2C_and_the_Midrashic_Literature.
  4. Liddell, H. G., Scott, R., Jones, H. S., & McKenzie, R. (1996). A Greek-English Lexicon. Oxford: Clarendon Press.
  5. Lewis, C. T., & Short, C. (1879). A Latin Dictionary. Oxford: Clarendon Press.

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