Ontopsicologia

Fisionômica

Etimologia

Grego φυσιογνωμία (physiognomia), que significa “julgamento do físico ou natureza”, composto por φύσις (physis), natureza e γνώμη (gnome), conhecimento ou julgamento.

Significado

Historicamente, a fisionômica se refere ao estudo ou análise das características faciais e corporais de um indivíduo para inferir sua personalidade ou temperamento.

A fisionômica como prática faz parte da análise da linguagem não-verbal, teve significativa relevância em várias culturas antigas, incluindo os gregos, latinos e orientais.

Abordagens à Análise Fisionômica

Aristóteles

Um dos primeiros a teorizar sobre fisionomia. Em sua obra “Physiognomonica”, Aristóteles sugere que a alma e o corpo reagem mutuamente, implicando que as características físicas poderiam ser indicativos de características morais e comportamentais.

Polemon de Laodiceia

No século II, Polemon escreveu um tratado influente que sistematizou a arte da fisionomia, integrando observações sobre a forma corporal, movimentos e comportamentos a características de caráter.

Cesare Lombroso

No século XIX, a análise da fisionomia ganhou um ímpeto renovado com os estudos de Lombroso, um criminologista italiano. Lombroso é frequentemente mencionado em discussões sobre fisionomia devido a sua teoria do “criminoso nato”. Ele propôs que criminosos poderiam ser identificados por traços físicos distintos, uma ideia que gerou controvérsia e que mais tarde foi amplamente desacreditada devido às suas implicações éticas e científicas.

William Sheldon

William Sheldon foi um psicólogo americano conhecido por suas teorias relacionadas à tipologia constitucional, que tentou correlacionar a estrutura física do corpo (somatotipo) com traços de temperamento e personalidade. Embora não seja estritamente um fisionomista no sentido tradicional, Sheldon contribuiu para a ideia de que aspectos físicos podem ser indicativos de características psicológicas.

Em sua Teoria dos Somatotipos, Sheldon classificou os corpos humanos em três tipos principais:

  1. Endomorfo (corpos macios e arredondados, associados à sociabilidade e relaxamento),
  2. Mesomorfo (corpos musculosos e atléticos, associados a uma natureza mais assertiva e competitiva). e
  3. Ectomorfo (corpos magros e frágeis, associados a introvertidos e intelectuais).

Essa tipologia, apesar de criticada por suas simplificações e implicações, ecoa as noções fisionômicas de relacionamento entre forma física e temperamento.

Ernst Kretschmer

Ernst Kretschmer foi um psiquiatra alemão que também desenvolveu uma teoria da correlação entre tipos corporais e predisposições a certos tipos de distúrbios psiquiátricos, nomeadamente a psicose.

As Tipologias de Kretschmer sugerem que pessoas com corpo leptossomático (magro e frágil) eram mais suscetíveis a esquizofrenia, enquanto aquelas com corpo pícnicos (mais robustos e arredondados) eram mais propensas a desenvolver transtorno bipolar. Embora, como Sheldon, as ideias de Kretschmer tenham sido bastante criticadas e em parte refutadas, elas representam uma tentativa significativa de ligar a física ao psíquico.

Relevância da Fisionômica na Psicologia Moderna

Embora Sheldon e Kretschmer tenham caído em relativo descrédito científico, em confronto com a psiquiatria farmacológica, essas análises são importantes para entender a evolução do pensamento sobre a relação entre a física do corpo e a psique. Eles representam a ponte entre a antiga prática da análise de fisionomia, que buscava ler o caráter nas características faciais e corporais, e as abordagens modernas que tentam entender como nossos corpos e nossa genética influenciam nosso comportamento e saúde mental.

Críticas e Reavaliações

A fisionomia, enquanto técnica de inferência de caráter baseada em características físicas, enfrentou críticas significativas ao longo do tempo, principalmente devido à sua utilização para justificar estereótipos, discriminação racial e outras formas de preconceito social. A ciência moderna, especialmente a genética e a psicologia, tem desafiado a ideia de que traços físicos podem ser usados de maneira confiável para determinar traços psicológicos ou morais.

A análise fisionômica em Ontopsicologia

Em Ontopsicologia, a análise fisionômica pode ser utilizada para entender como aspectos externos podem refletir ou influenciar o estado psicológico interno e vice-versa, mas sempre com uma visão crítica e integrativa que reconhece tanto as limitações quanto as possíveis contribuições dessas teorias.

A análise fisionômica, portanto, pode ser considerada no contexto mais amplo de como a forma externa de um indivíduo, sua expressão física e comportamental, que refletem ou manifestam seu estado interno psicológico e dinâmica psíquica.

No contexto dos instrumentos de diagnose, a análise fisionômica ocupa um papel essencial, juntamente com a cinésica e a proxêmica, enquanto considera-se que as linguagens não-verbais podem expressar de modo imediato o substrato dinâmico do campo semântico ativo atualmente em um dado sujeito, quer ele/ela tenha ou não consciência dessa realidade.

No entanto, diferencia-se das interpretações tradicionais de fisionomia ao enfatizar uma análise mais holística e integrada que considera a complexidade da condição humana, sem reduzir o indivíduo apenas às suas características físicas. Em vez disso, busca-se uma compreensão mais profunda das dinâmicas entre aspectos físicos, psicológicos e transcendentes da pessoa.

Embora a análise fisionômica como prática tenha evoluído e muitas vezes tenha sido desacreditada ao longo dos séculos, sua influência histórica e as questões que levanta sobre relações entre físico e caráter continuam a ser tópicos relevantes na filosofia, na ética e na psicologia contemporâneas.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. AZEVEDO, Erico. O método ontopsicológico na clínica psicológica contemporânea. Tese de Doutorado em Psicologia, 2017. PUC/SP.
  2. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
  3. MENEGHETTI, Antonio, L’immagine alfabeto dell’energia, Roma: Psicologica Editrice, 2005. ISBN 88-86766-21-1
  4. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
  5. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  6. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>

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