Etimologia
Latim virtus, que significa “força” ou “virtude”, e grego antigo δύναμις (dynamis), que tem uma conotação similar de “potencialidade” ou “capacidade”. Etimologicamente, virtualidade pode ser compreendida como a capacidade inerente de uma entidade realizar ou desenvolver-se em diversas formas, mantendo sua identidade essencial
Sânscrito शक्ति (shakti) e शक्त (shakta). “Shakti” significa “poder” ou “capacidade” associada à energia cósmica ou divina que é fundamental para a criação e manutenção do universo.
Aramaico ܚܘܒܐ (khooba). Em aramaico, o termo que mais se aproxima ao conceito de virtualidade é “khooba” que significa “habilidade” ou “capacidade”, capacidade de realizar diferentes formas ou potencialidades.
Significado
A virtualidade é a capacidade de algo se manifestar com uma forma específica, mesmo que essa forma não esteja atualmente presente, mas possa ser potencialmente realizada.
Não altera a sua fundamental identidade, mesmo se adaptando e se manifestando de várias maneiras. Isso implica uma flexibilidade em se expressar ou se manifestar de maneiras diferentes, mas mantendo a essência, a identidade.
Assim como a semente, é uma possibilidade e inicialmente é concebido apenas em sua essência ou forma básica. Existe a potencialidade de um projeto, direção, plano que pode ser desenvolvido e realizado dependendo do curso histórico e dos fatores existenciais.
A virtualidade se diferencia da palavra “potencial” porque implica algo específico, não apenas a capacidade de se tornar algo, mas de se manifestar de maneira específica, mesmo que adaptada às circunstâncias ou contexto particular.
Você pode ter um potencial para se tornar muitas coisas, possibilidade de ser baixo, alto, jardineiro, cantor, mas a sua virtualidade é sempre ser um humano e realizar aquilo previsto pela sua essência.
Dessa forma, a virtualidade é uma qualidade ou capacidade que permite a realização de formas específicas, a adaptação a diferentes contextos mantendo uma identidade essencial, e a realização de projetos inicialmente concebidos de maneira essencial, mas que dependem de contribuições adicionais para sua realização completa.
Visão Científica
Na Física e em áreas relacionadas, o conceito de virtualidade é menos comum, mas pode se aproximar da ideia de estados potenciais ou energias que ainda não se manifestaram plenamente.
Em biologia, especialmente em contextos evolutivos e de desenvolvimento, a virtualidade pode referir-se ao potencial de organismos ou células para diferenciar-se em diversas formas ou funções, conforme influências ambientais e genéticas.
Visão Filosófica
Em Filosofia, o conceito de virtualidade é explorado em várias correntes, especialmente na metafísica e fenomenologia.
Gilles Deleuze, por exemplo, vê a virtualidade como algo real, mas não atual – uma espécie de potência que não é necessariamente visível, mas que pode tornar-se atual sob certas condições.
Aristóteles também faz uma distinção entre potência (dynamis) e ato (energeia), que é fundamental para entender a virtualidade como uma capacidade que pode ser realizada.
Visão Espiritual
Na esfera espiritual, virtualidade pode ser vista como a capacidade latente de cada indivíduo para atingir estados superiores de consciência ou espiritualidade. Tradições como o Budismo e o Hinduísmo veem o desenvolvimento espiritual como uma realização da potencialidade intrínseca da alma (Atman), que está em constante evolução rumo à iluminação ou união com o divino.
Visão em Ontopsicologia
Em Ontopsicologia, virtualidade é definida como “a forma da potência, a força com endereço”, ou seja, é a capacidade de uma forma psicossomatizar-se de diversos modos sem variar a identidade essencial.
Antonio Meneghetti descreve o conceito de virtualidade como a “disponibilidade à amplitude de um projeto”, um potencial que existe de maneira essencial mas que necessita de causas externas para sua realização.
A virtualidade, em Ontopsicologia, enfatiza a intencionalidade e a capacidade do ser humano de transformar potencialidades em atualidades, mantendo com isso a coerência interna e a identidade do ser.
Conclusão
A integração das múltiplas perspectivas acerca da virtualidade oferece uma visão rica e multifacetada:
- Etimologia: Inerente potencialidade e força.
- Ciência: Estados ou energias em potencial, prontos para se manifestarem sob certas condições.
- Filosofia: Potencial que pode tornar-se atual através de diversas condições.
- Espiritualidade: Capacidade latente para evolução e realização espiritual.
- Ontopsicologia: A virtualidade é a força intrínseca com uma direção específica, que necessita de causas adicionais para se desenvolver plenamente.
Essas perspectivas convergem na ideia de que a virtualidade é um estado de potencialidade que, dependendo das condições e intencionalidades, pode ser atualizada e manifestada em diversas formas sem perder sua essência básica.
Em Ontopsicologia, esse conceito se aprofunda na relação entre intencionalidade e realização, destacando o papel fundamental da identidade essencial do ser na transformação de potencialidade em ação concreta.
Ver também
Aulas de Ontopsicologia
- Aula 18 – Em Si ôntico e as 15 características
- Aula 19 – Em Si ôntico
- Aula 10 – A Estrutura e a Dinâmica do Homem
- Ver todas as aulas de Ontopsicologia disponíveis
Referências
- MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0
- ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
- MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
- BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
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