Ontopsicologia

Complexo

Etimologia

A palavra “complexo” deriva do Latim complexus, particípio passado de complectere, que significa “abraçar”, “envolver” ou “agarrar”.

Composto pelo prefixo cum = junto ou com, e plexus, particípio passado do verbo latino plectere, derivado do grego πλέκω (pléko), que significa “tecer” ou “entrelaçar”.

Significado

Dessa forma, “complexo” literalmente significa “entrelaçado junto” ou “entrelaçado em conjunto”. Isso reflete a ideia de que os complexos são compostos por várias partes interconectadas.

Na Psicologia, um complexo é uma estrutura mental formada por sentimentos, pensamentos e memórias que estão interligados e influenciam o comportamento de uma pessoa.

Partindo do sentido etimológico original, Antonio Meneghetti dá ao termo “complexo” o significado de:

Uma estrutura ainda não completamente identificada ou especificada, que abrange um conjunto dinâmico de impulsos operativos dentro de um sistema unitário. O complexo pode ser distônico ou acretivo, conforme efeitos que produz para o sistema unitário.

Essa posição neutra pode parecer casual na definição, mas é fundamental na Ontopsicologia, porque tipicamente associamos o termo “complexo” a algo negativo para o sujeito, mas se ele representa na verdade parte da atividade psíquica que precisa ser identificada e especificada na construção do Eu.

Para isso, é necessário formalizar e integrar ao ego o complexo, reconhecê-lo como uma parte vital do indivíduo, adequando-o às demandas de uma história pessoal eficaz.

Quando um sujeito não consegue integrar seus complexos, muitas vezes vive em conflito, reproduzindo padrões que geram frustrações e, ao final, permanece abaixo do nível de desenvolvimento que teria por potencial de natureza, estando até mesmo sujeito a problemas e situações patológicas.

Formação do Complexo

O complexo é uma realidade psíquica que se forma a partir do compromisso entre as exigências sociais e as exigências biológicas do indivíduo. Em nome da segurança afetiva, o sujeito trai a pulsão instintual, segundo duas modalidades distintas:

  1. Na modalidade da castração, o sujeito consente e concorda em ser castrado moralmente no momento em que iria expressar algum instinto sadio, considerando a situação errada, suja, imoral etc.; ou
  2. Na modalidade do fundo tóxico, o sujeito aceita convictamente algo contrário à moral ôntica, algo que o corpo-vivo rejeitou, mas que a moral do contexto considera válido.

Meneghetti especifica ainda o complexo como:

Um preciptado psicoemotivo do monitor de deflexão; portanto, uma remoção feita por um Eu em formação sob a pressão do monitor de deflexão, sobre imagens do superego social e moralístico.

Uma vez constituídos, os complexos se articulam por meio de estereótipos que mantêm a estrutura do sujeito em um circuito fechado, com coação a repetir e sem inovações no próprio desenvolvimento.

Ab-reação do Complexo

Originalmente o termo ab-reação foi utilizado por Sigmund Freud para indicar a reaparição na esfera consciente de sentimentos até aí recalcados.

Quando falamos de ab-reação do complexo, em Ontopsicologia, entende-se não apenas o fato de trazer à memória certos eventos traumáticos que produziram a remoção de pulsões instintivas e respectivas emoções, mas principalmente a decisionalidade – decisão firme e consistente – em criar contra hábitos que permitam ao sujeito romper o ciclo vicioso da coação a repetir que as estruturas dos complexos implicam.

Isso significa que para integrar e especificar a energia do complexo ao Eu, mais do que apenas entender racionalmente os fatos, lembrá-los ou repassá-los em infinitas análises, o sujeito deve compreender integralmente a cena-trauma, as emoções que foram provocadas, ou que ficaram presas, porque traiu a si mesmo, quais foram as circunstâncias, e também o ponto de vista do outro, tipicamente o adulto-mãe, em toda a cena primária.

Ver também

Aulas de Ontopsicologia

Referências

  1. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  2. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
  3. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
  4. MENEGHETTI, Antonio. Projeto Homem. 2 ed. Florianópolis: Ontopsicologica Ed, 1999.
  5. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0

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