Ontopsicologia

Ciência, científico

Etimologia

Latim scientia, de sciens particípio passado de scire = saber. Latim scio ens = sei o ser.

Para alguns estudiosos, o termo ciência também teria um parentesco com scissum = cindido, dividido, de onde ciência significaria “dividir o ser em suas partes”, em contraposição ao termo consciência, onde o prefixo latino cum- indica a reunião, a união das partes em um todo unitário.

Significado

Em sentido corrente, ciência significa um conhecimento sistemático adquirido por meio da observação, experimentação e raciocínio lógico, especialmente aquele que é submetido a métodos rigorosos de investigação e análise, portanto, um conjunto de conhecimentos organizados e verificados sobre um determinado tema ou área do saber, caracterizado pela busca da verdade e pela validação por meio de métodos científicos.

Na ciência contemporânea, o termo ciência abrange uma ampla gama de disciplinas e áreas de estudo, desde as ciências naturais até as ciências sociais e humanas. O termo “científico” é frequentemente utilizado para descrever algo que é fundamentado em princípios científicos e submetido a uma análise crítica e objetiva.

O conceito em Ontopsicologia implica uma visão mais profunda e remete à visão clássica do termo, também resgatado pelo filósofo alemão Edmund Husserl, ou seja, por ciência não se entende apenas um conjunto metódico de conhecimentos, mas o saber profundo do ser dos objetos de estudo que cada ramo do saber procura desenvolver.

Em uma visão clássica, todas as ciências são ramos da filosofia e, em última instância, da Ontologia. A Ontologia é o estudo ou lógica do ser e de seus atributos. O ser, quando é físico, é objeto da física, quando é vida (bios), é objeto da biologia, e assim por diante, de forma que todas as ciências deveriam entrentar, em última instância, o problema ontológico, a lógica do ser segundo aquele aspecto fenomênico ou perspectiva do ser.

Gradualmente, porém, como enfatizou Husserl em sua Crise das ciências européias, a ciência se distanciou do problema do ser, por meio do processo de matematização, tornando-se ou reduzindo-se em “mera” τέχνη (técnica).

O processo de matematização na ciência implica uma representação simbólica, que descreve a natureza por meio de leis matemáticas, mas por outro lado, oculta a intuição do cientista, do pesquisador, que chegou àquelas fórmulas e leis, de forma que podemos dizer que somos herdeiros de intuições de outros seres humanos, porém, tipicamente, compreendemos apenas a camada lógica e racional de suas descobertas.

Em um exemplo concreto, podemos dizer que conseguimos compreender que é uma “Lei da natureza” que os corpos se atraem segundo a razão direta das massas e segundo o inverso do quadrado das distâncias que as separa, mas perdemos a intuição de Newton, a visão interior que depois dá origem à pesquisa, à demonstração e todos os processos que denominamos “ciência”.

Portanto, para sermos radicalmente científicos, devemos tornar a pesquisa radicalmente subjetiva, visto que é na subjetividade pura que se fundam as intuições originárias, onde são produzidas as vivências que denominamos evidências científicas, sobre as quais depois realizamos nossos experimentos ditos “objetivos”.

O método científico, para ser completo, portanto, deveria ser intuitivo-indutivo-dedutivo. O cientista parte da visão direta, evidente, originária de suas intuições, sobre as quais aplica a lógica e a experimentação, chegando finalmente às fórmulas das Leis, representações matemáticas que devem possuir nexo com a lógica do ser (nexo ontológico) e, portanto, implicam saber a ação do ser.

Ver também

Referências

  1. MABILIA, Valentina, MASTANDREA, Paolo, il Primo latino. Bologna: Zanichelli, 2015. ISBN 88-08337-15-4
  2. BONOMI, Francesco. Vocabolario Etimologico, disponível em <etimo.it>
  3. ROMIZI, Renato. Greco antico. Vocabolario Greco Italiano Etimologico e Ragionato. Bologna: Zanichelli, 2006. ISBN 88-08-08915-0
  4. MENEGHETTI, Antonio. Dizionario di Ontopsicologia. Roma: Psicologica Editrice, 2001. ISBN 88-86766-75-0

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